SC Braga: as inevitabilidades
Desde o último artigo publicado, o SC Braga já realizou três jogos e prepara-se, hoje, para realizar o quarto, frente ao Caldas SC a contar para a Taça de Portugal. Já lá chegaremos.
Em oito dias, o SC Braga defrontou Nice, em França, Santa Clara, em casa, e Estoril na Amoreira, com todos estes confrontos a serem realizados em dias de semana. A carga de jogos nesta altura da época é significativa e traz consigo a inevitável fadiga. Após uma sequência tremendamente positiva em termos exibicionais, quase sempre premiada no resultado, o desempenho em Nice terá ficado aquém do expectável. A vitória foi conseguida, carimbando o apuramento para a próxima fase das competições europeias e ultrapassando a pontuação da época transacta, mas com níveis de esforço e sofrimento pouco desejáveis. Depois da primeira vitória na história do clube na Escócia, Carlos Vicens torna-se o responsável pelo primeiro triunfo braguista em território gaulês. Desse jogo, destaca-se negativamente a lesão de El Ouazzani, a quem desejo as rápidas melhoras.
Seguiu-se o regresso ao campeonato, com o SC Braga a receber os açorianos de Ponta Delgada e a realizar uma exibição de superioridade e domínio inquestionáveis durante os primeiros 45 minutos, dos quais se retirou uma vantagem de um golo, que se manteve até final. Não mais a equipa foi capaz de se impor de forma significativa, cumprindo-se uma segunda parte apática e, digamos, suficiente para amealhar os três pontos e regressar provisoriamente, e em igualdade pontual, ao quarto lugar. Após duas exibições algo cinzentas, e apesar da positividade dos resultados, começaram, inevitavelmente, a surgir dúvidas e incertezas, nomeadamente em relação à disponibilidade física dos jogadores.
Eis que se segue a visita ao Estoril. Ian Cathro não vive o melhor momento desde a sua chegada a Portugal, mas é um treinador que já nos habituou a montar equipas animadas e interessantes. E foi essa a sua abordagem ao jogo, que foi globalmente dividido e anárquico, servindo, dessa forma, os interesses do Estoril. Ricardo Horta ficou de fora da equipa titular, por gestão, deixando novamente evidentes as diferenças existente entre a equipa com e sem ele. O SC Braga nunca conseguiu impor a sua pressão alta conforme desejava e conforme tem sido habitual e o Estoril foi aproveitando as costas da defesa para criar perigo. Um SC Braga tremendamente perdulário acaba por sair deste jogo sem pontos. Poderemos pensar que talvez fosse inevitável uma nova derrota, a segunda fora de casa, mas fica a impressão de que, apesar de desorganizada e, provavelmente, fatigada, a equipa realizou uma exibição globalmente positiva. Com este resultado, verifica-se um novo recuo na tabela classificativa, avizinhando-se agora uma complicada receção ao Benfica.
Posto isto, é altura de reagrupar e preparar aquilo que poderia, e deveria, ser a festa da Taça, mas que é, na verdade, um jogo realizado a uma terça-feira às 18h45 (o quarto jogo consecutivo realizado em dia útil). Exemplo dessa festa foi também, por exemplo, o Vila Meã-UD Leiria realizado na passada quarta-feira às 14h00. O desprezo vai além dos adeptos e alastra-se, neste caso, para a competição em questão, a dita prova rainha que se vê, desta forma, desvalorizada. O Caldas SC, e o seu mítico Campo da Mata, não mereciam o cenário em que se vai disputar este encontro. Ainda acerca desta competição, e porque não pretendo que a leitura deste artigo tenha uma duração superior àquela da intervenção do VAR e árbitro principal no recente Santa Clara-Sporting, deixo apenas uma referência a esse atroz episódio, que vem novamente colocar em questão a transparência e a competitividade do nosso futebol. Seria a eliminação do Santa Clara uma inevitabilidade? Não saberemos. Mas este tipo de situações, acopladas às reações dos outros dois grandes, e respetivos telhados de vidro, fazem, lentamente, por descredibilizar o desporto-rei em Portugal.
Terminando numa nota mais positiva, expresso aqui os meus mais sinceros votos de Feliz Natal a todos os leitores deste espaço de opinião, desejando-lhes também um bom final de ano de 2025 e um excelente ano de 2026.