Luís Figo participou no episódio 3 do Toque de Bola totalmente dedicado à carreira do craque português
Luís Figo participou no episódio 3 do Toque de Bola totalmente dedicado à carreira do craque português

Figo: «Receber a Bola de Ouro foi único e inesquecível»

Luís Figo recorda, para o videocast Toque de Bola, de A BOLA, as memórias daquele 18 de dezembro de 2000, quando se tornou no segundo português, depois de Eusébio, a vencer o tão desejado troféu individual. Espera por nova vitória portuguesa, talvez Vitinha

18 de dezembro de 2000 é um dia muito especial para Luís Figo. Foi aí, há exatamente 25 anos, que o extremo português recebeu a Bola de Ouro da revista France Football. Fora 32.º em 1995, 28.º em 1996, 14.º em 1997 e 5.º em 1999. Após o triunfo em 2000, foi 6.º em 2001, 19.º em 2002 e 22.º em 2004. Um quarto de século depois de ter sido eleito Melhor do Mundo, depois de Eusébio e antes de Cristiano Ronaldo, Figo relembrou, no Toque de Bola, videocast de a BOLA, as emoções que sentiu.

Receber a Bola de Ouro foi, para o mítico 7 de Portugal, muito mais do que um prémio: foi o reconhecimento de anos de dedicação, esforço e talento. «O momento em que recebi a Bola de Ouro foi inesquecível na minha carreira profissional. Acho que é um momento único, um privilégio e, claro, uma honra. Nessa época, como é lógico, havia muitos candidatos para receber esse troféu. Havia sempre a possibilidade de a escolha [da France Football] cair numa lista de 5, 6, 7 ou 8 jogadores [atrás de Figo ficaram Zidane, Shevchenko, Henry, Nesta, Rivaldo, Batistuta, Mendieta, Raúl, Maldini e Beckham], o que tornava tudo muito mais complicado. Assim, para mim, foi um reconhecimento de um grande ano na minha carreira desportiva, e estar nessa elite de jogadores permitiu, neste caso, até hoje ser recordado por esse feito inigualável. Foi um imenso prazer, um imenso privilégio e uma grande honra», relembra em declarações a A BOLA.

O extremo português, então com 28 anos, recorda agora, com muita emoção, cada detalhe da noite em que recebeu o prémio: «A noite da entrega do prémio foi, para mim, muito, muito especial. Nessa época, entregava-se o troféu no campo [e não numa festa, como acontece desde há muitos anos], e foi num jogo do Real Madrid em casa [Real Madrid-Rayo Vallecano], com os meus adeptos, os meus amigos e a minha família. Acabou por ser, sem dúvida, um momento único e inesquecível, que, depois de 25 anos, ainda recordo com muita emoção.»

O sonho começou cedo

Quando deixou Portugal, em 1995, para abraçar a carreira internacional, Figo já sonhava alto, mas sem definir metas rígidas: «Quando saí de Portugal era muito jovem [aos 22 anos, após ganhar a Taça de Portugal pelo Sporting] e tinha o sonho e a ambição de fazer as coisas o melhor possível, mas nunca programei nada, nem sequer tinha ainda carreira profissional de altíssimo nível. As coisas foram acontecendo, e a atribuição deste troféu foi mais uma delas. Quando és profissional e sais do teu país, não sonhas em ganhar tudo; tem de ser um sonho baseado na realidade. Não sabes o que vai acontecer, mas trabalhei muito para o conseguir. Primeiro, ser titular e ter um bom rendimento no Barcelona [de 1995/1996 a 1999/2000], que foi o meu primeiro clube quando saí de Portugal. Depois, as coisas foram acontecendo ano após ano. Se pensava nisso? Acho que só inconscientemente, mas nunca como se fosse um objetivo prioritário.»

Sobre a possibilidade de ter ganhado ainda mais uma Bola de Ouro, Figo é humilde e justo: «Gostava de ter ganhado mais Bolas de Ouro, claro, mas acho que naquelas épocas era extremamente difícil. Estive perto de ganhar mais uma, fiquei muito perto numa das votações, mas não foi possível. Uma pessoa sempre pensa que devia ter ganhado, mas há que reconhecer sempre o valor e o trabalho de quem ganhou, e normalmente o troféu está bem entregue a quem ganha e tem todo o mérito.»

Carreira única

Um ano depois, em 2001, Figo ampliou a consagração e recebeu também o prémio da FIFA. «No ano seguinte, ganhei o prémio de melhor jogador do Mundo atribuído pela FIFA, que é um pouco diferente da Bola de Ouro, já que era a votação dos selecionadores de todas as seleções do Mundo, o que é também um reconhecimento muito importante. Não sei se é como se fosse outra Bola de Ouro, pois são dois tipos diferentes de distinções e de votos, mas, logicamente, para mim foi um reconhecimento impressionante, e fiquei extremamente feliz pelo trabalho que realizei, pelo que consegui e por mais um momento único na minha carreira profissional e pessoal.»

Orgulho português

Ser o segundo português a conquistar a Bola de Ouro, depois de Eusébio em 1965, foi um motivo de orgulho igualmente muito especial. «É um sentimento de orgulho por ser mais um português a ganhar a Bola de Ouro e logo depois de Eusébio, o único português que tinha ganhado até ao momento. É mais um sentimento de orgulho representar o nome de Portugal em todo o Mundo; a divulgação que houve, o reconhecimento pelo trabalho realizado, acho que são sentimentos positivos e de satisfação. Sempre levei o nome de Portugal associado aos êxitos e ao sucesso e poder prestigiar ao mais alto nível essas circunstâncias, pois são sempre motivos de felicidade e de muita alegria.»

E onde guarda Luís Figo, 25 anos depois, o troféu atribuído pela France Football? «A Bola de Ouro não está guardada; está exposta onde estou neste momento, que é basicamente o meu escritório em casa, onde tenho outros troféus conquistados durante a minha carreira.»

Olhar para o futuro

Figo também acredita no futuro do futebol português. «Depois de mim, de Eusébio e do Cristiano, acho que podemos aspirar a que outros portugueses tenham a possibilidade de ser considerados os melhores do Mundo. Este ano, por exemplo, o Vitinha esteve quase a conquistar a Bola de Ouro. É lógico que, com a qualidade que sempre existe e com os talentos que se produzem em Portugal, é possível que tal aconteça. É difícil, sim, mas pode acontecer, não só aos jogadores portugueses, mas a jogadores de todo o mundo. Vai depender sempre do rendimento, mas espero que tudo corra bem durante um ano para que possamos ver, de novo, um português a receber esse prémio. Temos que pensar que é possível pelo talento e qualidade que existe sempre no futebol português e no jogador português.»