O segredo do sucesso do Brentford (em sete etapas)
No futebol inglês, poucos clubes têm sido tão elogiados pelo bom scouting como o Brentford. Com recursos limitados face aos gigantes da Premier League, os Bees conseguiram construir equipas competitivas e lucrativas graças a um processo meticuloso delineado por Lee Dykes, ao que o diretor técnico chamou Sete Etapas do Recrutamento.
O responsável chegou ao Brentford em 2019, proveniente do Bury, e já atravessou dez janelas de transferências no clube, quatro delas no cargo atual. Foi nesse período que os londrinos descobriram e potenciaram jogadores como Ollie Watkins, Saïd Benrahma, David Raya, Brian Mbeumo, Yoane Wissa ou Ivan Toney, todos exemplos de ativos valorizados desportiva e financeiramente.
As sete etapas para encontrar o jogador certo
1. Filtro inicial – a análise começa com 85.500 jogadores de todo o mundo, distribuídos em 16 posições definidas pelo clube. Esta grelha detalhada, que distingue por exemplo um extremo clássico à Giggs de um ala invertido à Ronaldo, permite adaptar o recrutamento a diferentes esquemas táticos. Os dados estatísticos proprietários do dono Matthew Benham, através da empresa SmartOdds, dão ao Brentford uma vantagem única sobre a concorrência;
2. Seleção dos melhores quatro por posição – os lead scouts de diferentes regiões (como Simon Tracey na Alemanha ou Mick Priest nas Américas) reduzem a lista a quatro nomes por posição, combinando dados e observação direta;
Brentford's recruitment team deserve a raise after the Bees turned some major profit on Bryan Mbeumo and Yoane Wissa 😮💨💰👏 pic.twitter.com/V9YbYf5UEP
— OneFootball (@OneFootball) September 2, 2025
3. Definição das prioridades – a partir desta shortlist, o clube identifica quais as posições prioritárias para reforçar em cada janela de transferências;
4. Escolha dos dois ou três melhores – Dykes e dois adjuntos avaliam os candidatos e reduzem a lista aos dois ou três jogadores mais fortes em cada posição;
5. Foco nos alvos principais – entre estes, são selecionados os nomes que o Brentford quer atacar de forma concreta;
6. Entrada da equipa técnica – o treinador Keith Andrews (tal como antes, Thomas Frank) e os seus adjuntos, bem como os responsáveis pela equipa B, participam na avaliação, garantindo que o perfil do jogador se ajusta ao modelo de jogo e ao projeto global do clube;
7. Negociação e decisão final – a escolha final envolve Dykes, Andrews, o diretor de futebol Phil Giles e o proprietário Matthew Benham. Segue-se a abordagem ao jogador e ao seu agente, com uma apresentação clara de como será utilizado e de que forma poderá crescer no Brentford.
“There’s certainly more change than we’d normally have. But with change comes opportunity. If you keep things constant and static then you’ll stay where you are" 💬
— Brentford FC (@BrentfordFC) September 2, 2025
Director of football Phil Giles on Wissa departure and his summer transfer window round-up pic.twitter.com/isOMkunF3u
Vender também faz parte do plano
O outro lado da moeda é a venda de jogadores. Segundo Dykes, nenhuma saída acontece sem que o treinador esteja de acordo e sem que o clube se sinta preparado. O Brentford procura sempre equilibrar os interesses do jogador e os da instituição. Muitas vezes, uma venda abre espaço para a promoção de talentos da equipa B ou para a chegada de novos reforços. Foi assim com Watkins, Benrahma, Mbeumo e Raya: vendas estratégicas que garantiram retorno financeiro e ao mesmo tempo permitiram manter a competitividade.
O segredo das abelhas
Mais do que gastar milhões, o Brentford aposta em processo, planeamento e visão estratégica. O modelo das sete etapas é a base de um clube que desafia a lógica da Premier League: jogar entre os grandes, mantendo contas equilibradas e descobrindo, ano após ano, novos talentos que se tornam protagonistas.
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