O Outono quente do Benfica
A Assembleia Geral do Benfica aqueceu tal e qual este mês de outubro. Os sócios recusaram aprovar as contas, bem como o novo regulamento eleitoral. Houve agressões e insultos. E, nunca visto, o ex-presidente Luís Filipe Vieira foi, num primeiro momento, impedido de falar.
Sim, mais do que o terceiro lugar no campeonato, a campanha eleitoral é o tema do momento no Benfica: a 25 de outubro será escolhido o presidente do maior clube português e tudo parece estar em aberto e renhido. Seis candidaturas: Rui Costa, presidente cessante; Luís Filipe Vieira, ex-presidente, Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho apresentam-se a votos. Parece, pelo que temos visto, que a luta será entre os três primeiros. Antecipa-se uma segunda volta a 8 de novembro e nessa altura as alianças e os apoios serão decisivos, ou seja, todos vão ter peso na decisão final.
Não me recordo de umas eleições tão abertas no clube. Parecem as que vão acontecer, em 2026, para a presidência da República, o que não deixa de ser divertido. Vários candidatos podem ganhar, o que não é costume. A diferença é que isto acende paixões, o que não acontece na política, porque os clubes são bem mais queridos aos adeptos do que a política nacional. Verdade? Talvez aconteça porque sabemos o que significa cada candidato: o treinador que quer (todos dizem que vão manter Mourinho), os jogadores que vai adquirir, e nos casos de Costa e Vieira, o que fizeram no passado.
Porém, insultos e agitação, não são permitidos em Assembleias Gerais. Acredito que as coisas não tenham justificado o crivo do Ministério Público, que, bem, tem mais que se preocupar que com uns empurrões e insultos. Salvo, claro, haver queixa.
Não deixa, porém, de haver crime: o art.º 516, n.º 1, do Código das Sociedades Comerciais, diz que «aquele que, com violência ou ameaça de violência, impedir algum sócio ou outra pessoa legitimada de tomar parte em assembleia geral de sócios (…) ou de nela exercer os seus direitos de informação, de proposta, de discussão ou de voto, é punido com pena de prisão até 3 anos (…)». Ora, que os comportamentos visíveis nos vídeos se enquadram nesta previsão, não restam dúvidas. E quanto aos insultos e injúria, é crime previsto e punido no Código Penal. Mas sejamos realistas, ninguém se importa com insultos, ninguém quer saber de agressões, dizem «é futebol». No fim penso que todos desejemos umas eleições livres e ordeiras, seja no Benfica, Sporting ou FC Porto.
Deixo um alerta, caro leitor: a não aprovação das contas é mais uma censura a Rui Costa do que reais efeitos práticos no que respeita ao futebol. Sim, o futebol do SLB está na SAD e por isso não é afetado por esta decisão. Já as outras modalidades podem sofrer com isso. Interessa para o caso?
Direito ao golo
Hoje o Direito ao Golo vai para os rapazes da Seleção sub-19 de futsal, campeões europeus diante da Espanha. Mas também para o Sporting, campeão do Mundo de hóquei em patins e para a Seleção Nacional de futebol que ganhou à Irlanda.