Não protegem os árbitros e muito menos a arbitragem
É sem nenhum gosto que me vejo forçado a regressar ao tema da arbitragem. E é sem nenhum gosto que o faço, porque o faço pelas piores razões: o setor, que foi capaz de sair, criando uma nova geração de árbitros, de mentalidade diferente, do caos do Apito Dourado, e que a seguir teve a sorte de estar inserido numa Federação Portuguesa de Futebol (FPF) visionária, que foi das primeiras a abrir portas à tecnologia, e investiu fortemente para tornar, através de meios vanguardistas, a Cidade do Futebol num dos pontos de referência da arbitragem mundial, está cada vez mais descredibilizado, mais opaco, mais serôdio e, pior que tudo, a gerar condições para a banalização do erro e da impunidade, em situações do VAR em que, por ser incompreensível a falha, o mínimo que se exigia era uma explicação.
O mais estranho é que os líderes do setor normalmente se refugiam, para justificar o silêncio sepulcral em que vivem, em diretivas superiores, das instâncias internacionais, exatamente as mesmas que não impedem que em campeonatos menores, como a Premier League ou a Bundesliga, se faça exatamente o contrário.
Aliás, depois do que sucedeu recentemente em Inglaterra, onde o mal causado pelos erros de um VAR, que se esqueceu de colocar as linhas de fora-de-jogo, não pôde ser revertido, mas a liderança de Howard Webb, presidente do Professional Game Match Officials Limited (o Conselho de Arbitragem da Premier League), não só pediu desculpa aos clubes prejudicados, como ainda deu guia de marcha a quem não tinha estado à altura das circunstâncias, devia fazer corar de vergonha os branqueadores de serviço do Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, que para mal dos pecados do futebol nacional continuam a funcionar como uma extensão da APAF.
A APAF E O CA DA FPF
Volto pela enésima vez a um argumento que creio ser fundamental para se perceber o contexto em que vivemos: a APAF, órgão de classe dos árbitros, é por natureza parcial, e tem por missão promover a defesa dos seus associados. Foi isso que Fontelas Gomes fez, e bem, quando presidiu aos destinos dessa Associação, entre 2013 e 2016. O problema reside no facto de quando, em 2016, passou a ser presidente do CA da FPF, onde continua, não ter percebido que a sua missão já não era apenas defender os árbitros, mas defender algo de vastidão incomensu- ravelmente superior, a arbitragem. E para se defender a arbitragem, é preciso, por vezes, usar mão dura e, se necessário, separar o trigo do joio, entre os árbitros. Não sendo isso feito, e quando se metem todos, aptos e ineptos, no mesmo saco, são eles as maiores vítimas de um sistema que convida a generalizações sempre injustas. É minha convicção de que os árbitros deviam ser os primeiros a oporem-se à opacidade em que se vive, exigindo, entre outras coisas, porque quem não deve, não teme, a publicação dos relatórios dos observadores e respetivas notas, e ainda as sanções a que são sujeitos quando falham para lá do entendível pela sua condição humana. Quando há projetos de dinamização do futebol português, alavancados por mais dinheiro que entrará, uma vez concluído o processo de venda centralizada dos direitos, a que se juntará um esforço para serem impostos horários de jogos que não sejam inimigos dos adeptos, na- da disto funcionará sem uma arbitragem credível. E como todos sabemos que sem transparência a única coisa que cresce é a suspeição, percebe-se como o setor da arbitragem é aquele que está, pela mentalidade retrógrada e medrosa dos seus dirigentes, mais atrasado no futebol português.
ROGER SCHMIDT
Independentemente do que venha a acontecer até ao fim da temporada, um mérito, pelo menos, ninguém há de tirar ao treinador que Rui Costa foi buscar ao PSV: mudou a mentalidade do Benfica, que passou a atuar com destemor e personalidade forte, independentemente do palco.
RÚBEN AMORIM
A exibição do Sporting frente ao FC Midtjylland foi demasiado fraca, fazendo soar os alarmes em Alvalade. Caberá a Rúben Amorim, a melhor coisa que aconteceu aos leões nos últimos anos, encontrar soluções dentro dos meios de que dispõe para dar a volta ao texto. A começar pelo jogo de hoje, em Chaves…
LUÍS FERREIRA
Que razão dará o VAR do FC Porto-Rio Ave, Luís Ferreira, 45, advogado, que está no primeiro escalão há mais de uma década, para não ter avisado o seu chefe de equipa, Vítor Ferreira, da falta clara e óbvia cometida por Pepe sobre Boateng, na grande área do FC Porto? Ora aí está uma explicação que seria bem vinda.