Algobia tenta travar progressão de Pohlmann sob olhar atento de Jaume Grau, que aos 61 minutos foi expulso, por duplo amarelo - Foto: Manuel Fernando Araújo/LUSA
Algobia tenta travar progressão de Pohlmann sob olhar atento de Jaume Grau, que aos 61 minutos foi expulso, por duplo amarelo - Foto: Manuel Fernando Araújo/LUSA

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe (crónica)

Aves SAD continua sem ganhar: reduzido a dez, sofreu penálti para lá dos 90’. Clayton bisou e igualou Pavlidis como melhor marcador da Liga

Com a lanterna vermelha a pesar cada vez mais nas costas, na 13.ª tentativa de alcançar a primeira vitória na Liga — a única vez que os avenses festejaram foi contra o Fornos de Algodres, na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, impondo goleada (7-0) —, João Pedro Sousa promoveu quatro alterações na equipa, por opção: Sidi Bane, Tunde, Diogo Spencer e Nenê começaram no banco, com Carlos Ponck, Ángel Algobia, Devenish e Tomané a saltarem para o onze.

Além disso, o treinador dos avenses foi arrojado ao apresentar alteração no sistema de jogo, apostando numa linha de três na defesa: Ponck, Rúben Semedo e Devenish. A falta de harmonização neste setor acabou por ser notória, com o Rio Ave (sem alterações no onze) a aproveitar para se instalar no meio-campo adversário e, claro, a dupla Clayton/André Luiz foram ameaças constantes à baliza à guarda de João Gonçalves, não sendo, por isso, estrando que os vila-condenses tenham saído para o intervalo a vencer, face àquilo que foi o caudal ofensivo e domínio da primeira parte (60% de posse de bola e oito remates à baliza).

Teve assinatura de Clayton o golo aos 31', que muito agradeceu ao brasileiro André Luiz, que, com mestria, tirou Kiki Afonso da jogada e foi à linha cruzar com conta, peso e medida para o coração da área.

Valente abanão ao intervalo

A mensagem que João Pedro Sousa passou ao intervalo cedo deu frutos! Em apenas cinco minutos os avenses criaram mais perigo do que nos primeiras 45: após um canto, com a bola a pingar na área, Carlos Ponck viu Miszta fazer uma boa defesa (46'); depois foi Perea com remate forte a ver defesa (bastante) apertada do polaco (50'), até que surgiu o golo do empate, dos pés do inconformado Perea que, na cara do guardião, respondeu da melhor forma a passe magistral de Neiva (que se estreou a titular), que deixou os três centrais do Rio Ave aos papéis.

Mas, volvidos dez minutos, numa altura em que o Aves SAD estava galvanizado pelo golo, revés nas intenções da equipa com a expulsão de Jaume Grau, após ser admoestado com segundo cartão amarelo, após falta imprudente sobre Aguilera, atingindo o jogador do Rio Ave com a bota no peito, num lance perfeitamente evitável, com o espanhol a não ter qualquer hipótese de chegar à bola, foi ao homem...

Consequentemente mais recuados no terreno, os avenses lutaram para segurar um ponto, mas, já para lá dos 90', Sidi Bane deu um pisão a André Luiz, num lance dividido dentro da área que, após análise do VAR, valeu penálti.

Chamado à conversão, Clayton não desperdiçou, marcou o golo da vitória e apanhou Pavlidis (Benfica) no topo da lista dos melhores marcadores da Liga, ambos com 10 tentos.

Numa semana em que foram despedidos mais de 40 funcionários de diversos departamentos da estrutura da SAD vila-condense, a equipa regressou, assim, às vitórias após uma derrota e dois empates.

Veja o resumo do jogo:

A figura do Aves SAD: Óscar Perea (nota 6)
O avançado colombiano, de 20 anos, é um poço de força e vontade inesgotável. Sempre de olhos postos na baliza, ou pelo menos em arranjar caminho para lá chegar, foi sempre o mais esclarecido no ataque à baliza e inconformado com o curso dos acontecimentos. Marcou um golo, teve mais um punhado de oportunidades e nunca atirou a toalha ao chão até ouvir o apito final.

As notas dos jogadores do Aves SAD:

O melhor em campo: André Luiz (Rio Ave - nota 7)
É certo que foi Clayton quem marcou os dois golos que valeram três pontos, mas só o conseguiu pelas ações do brasileiro: no primeiro teve intervenção primorosa, com um cruzamento teleguiado e no segundo foi quem sofreu a falta para penálti. Ao longo dos 90 minutos foi um verdadeiro pesadelo para a defesa avense, sempre em alta rotação, boa visão de golo e, claro, faro para a baliza.

As notas dos jogadores do Rio Ave:

Miszta (6), Petrasso (5), Jonathan Panzo (5), Nelson Abbey (4), Marious Vrousai (5), Andreas Ntoi (4), Brandon Aguilera (5), Athanasiou (5), André Luiz (7), Clayton (7), Ole Pohlmann (6), Georgios Liavas (4), Papakanellos (5),
Zoabi (4) e João Graça (-).

O que disseram os treinadores

João Pedro Sousa está a um pequeno passo de rumar ao Cuiabá. (Foto: FERNANDO VELUDO/LUSA)

João Pedro Sousa, treinador do Aves SAD

Momento difícil o balneário. Gostava de encontrar palavras para tentar animá-los. A primeira parte foi difícil para nós, com o Rio Ave a tomar conta do jogo e por falta do nosso ataque posicional. Na segunda parte crescemos, trabalhámos, corremos muito, empatámos, mas nos nossos melhores momentos acontecem sempre situações impactantes, isso gera revolta... Custa-me muito o momento, porque vejo os jogadores a trabalhar e a acreditar. Não nos resta outra alternativa que não seja continuar a trabalhar.

Sotiris Silaidopoulos, treinador do Rio Ave - foto: RIO AVE

Sotiris Silaidopoulos, treinador do Rio AVE

Dominámos na primeira parte e no segundo tempo tivemos uma grande reação após o empate e criámos várias oportunidades. Estamos muito satisfeitos com este triunfo, depois de vários jogos em que fomos melhores do que os adversários. É sempre importante ganhar, especialmente se jogarmos bem. Agradeço a presença e apoio dos nossos adeptos.

Atualizado às 21h58.