Manita do Atlético até foi... simpática para o Real Madrid (crónica)

Os nove pontos que separavam Atlético e Real Madrid antes do dérbi deste sábado, com vantagem para os merengues, podiam dar a sensação de que o duelo no Metropolitano seria, pelo menos, pautado pelo equilíbrio, mas a tender para os visitantes.

O que se viu foi o oposto e de equilíbrio não houve rigorosamente nada: um domínio avassalador dos colchoneros do início ao fim que podia ter terminado de forma (ainda) mais humilhante para a turma de Xabi Alonso.

A entrada a todo o gás dos comandados de Simeone apanhou os blancos de surpresa. Sobretudo pelo ar, de onde surgiram várias jogadas perigosas nos primeiros minutos. Os jogadores do Real não conseguiam sequer aproximar-se da impetuosidade e vontade dos visitados, que estavam de olhos postos na baliza desde o apito inicial.

Nesse sentido, foi com naturalidade que Robin Le Normand abriu o ativo, ainda antes do primeiro quarto de hora, com um cabeceamento certeiro após cruzamento milimétrico de Giuliano Simeone.

A toada de domínio do Atleti foi abruptamente interrompida cerca de 10 minutos depois, quando o inevitável Kylian Mbappé assinou o empate, na primeira aproximação merengue à baliza de Oblak.

Volvidos mais 10 minutos, eis que caiu um balde de água fria sobre o Metropolitano: Guler foi servido na área por Vini Jr. e finalizou com classe para o 2-1, sem que nada o fizesse prever.

Os dois golos abalaram o ímpeto colchonero, mas a equipa de Simeone não baixou os braços e ainda conseguiu restabelecer a igualdade antes do intervalo, graças a um belo cabeceamento de Sorloth, que aproveitou o espaço entre Huijsen e Carreras para assumir o papel de matador. O empate era curto para aquilo que o Atlético fizera nos primeiros 45 minutos, mas um mal menor face ao cinismo blanco.

Na etapa complementar viu-se mais do mesmo e não foi preciso esperar muito por nova reviravolta no marcador. Após uma falta desnecessária de Guler na área, Julián Álvarez não tremeu da marca dos 11 metros e assinou o 3-2.

Não muito tempo depois, aos 63', chegou o momento do dérbi e o golo que acabou de vez com as esperanças do Real Madrid. O mesmo Álvarez, de livre direto, desferiu um remate indefensável para Thibaut Courtois e levou o Metropolitano à loucura. Golazo e estava feito o bis do craque argentino, que está de pé quente, depois de ter apontado um hat trick a meio da semana frente ao Rayo Vallecano (3-2).

O jogo perdeu ritmo a partir do 4-2 e os merengues não tiveram arte nem engenho para sequer assustar a linha defensiva dos colchoneros, que ainda chegaram ao quinto na reta final dos descontos, por intermédio do recém-entrado Antoine Griezmann.

Humilhação consumada do fim e Simeone e companhia vibram com um triunfo histórico: há 75 anos que o Atlético não marcava cinco golos ao grande rival. São agora seis pontos os que separam os dois conjuntos, ainda com muito para jogar na LaLiga.