Steven Vitória foi campeão nacional pelo Benfica em 2013/14 - Fotografia: Miguel A. Lopes/LUSA
Steven Vitória foi campeão nacional pelo Benfica em 2013/14 - Fotografia: Miguel A. Lopes/LUSA

Jogou no Benfica e no Chaves e atira: «Vai ser muito especial!»

Steven Vitória antecipa um grande espetáculo entre Chaves e Benfica, dentro e fora das quatro linhas. Em entrevista exclusiva à A BOLA, o defesa-central de 38 anos, que vestiu a camisola dos dois clubes, admite que os flavienses podem surpreender, naquele que é sempre um dia de festa para o povo transmontano

Chaves e Benfica são velhos conhecidos. Já se defrontaram 39 vezes na sua história. Contudo, para a Taça de Portugal, não se veem há mais de 40 anos. Os três primeiros jogos entre estes dois emblemas até foram a contar para Prova Rainha... mas, depois disso, nunca mais.

Nesses três primeiros embates entre flavienses e encarnados, o Benfica jogou sempre em casa, saiu sempre vitorioso e nunca sofreu golos: 1-0 em 1976, 2-0 em 1977 e 4-0 em 1983. Mas agora o cenário é diferente e ganhar ao Chaves já não é tão fácil como era para Chalana - especialmente em Trás-os-Montes.

Nas últimas três deslocações, aconteceram os três resultados possíveis. Curiosamente, o clube da Luz só não se tornou campeão nacional no ano em que ganhou (2023/24). Em 2018/19, empatou 2-2 à 6.ª jornada (ainda com Rui Vitória) e acabou campeão com Bruno Lage. Em 2022/23, perdeu, já na reta final do campeonato, mas, apesar disso, Schmidt conseguiu erguer o 38.

«O Chaves não é uma equipazinha qualquer»

Chaves é sempre um terreno difícil para as águias. Que o diga Steven Vitória, que esteve presente no jogo de 2022/23. Em entrevista à A BOLA, o antigo jogador de Chaves e Benfica recordou essa partida, que ficou decidida nos «detalhes» e... num deslize (literalmente) de Otamendi: «O Benfica estava a lutar pelo título e acabou por ser campeão, mas ninguém estava à espera que aquilo acontecesse e aconteceu». Fora o lance infeliz que originou o golo à entrada do último minuto de jogo, Steven Vitória considera que naquele dia o Chaves foi melhor e «mereceu aquela estrelinha». «Às vezes, esses jogos decidem-se nos detalhes e toda a gente pode ter um dia mais feliz ou menos feliz», afirmou o defesa-central de 38 anos, que embora esteja atualmente sem clube, ainda não pensa em retirar-se.

O internacional canadiano fala em «dois clubes especiais» que teve a «felicidade e sorte de representar». «São dois clubes que me marcaram em alturas diferentes e vai ser um jogo muito especial», admitiu o defesa, afastando preferências: «Os dois clubes fazem parte de mim, e quero é que os dois ganhem e tenham a maior felicidade do mundo. Agora, isto é um jogo… que ganhe o melhor, que seja um giro espetáculo e que o povo transmontano desfrute desse dia, porque merecem. São um povo de grande carácter, grande atitude, transparência e honestidade».

Steven Vitória, que vestiu a camisola dos Valentes Transmontanos de 2022 a 2024, rasgou o povo flaviense de elogios, alertando que também ele será uma força que o Benfica terá de travar no jogo de sexta: «O povo transmontano sente muito e, além disso, percebe o jogo e os momentos. Sabem como empurrar a equipa para a frente. São uma força da natureza e isso vai jogar a favor do Chaves».

O campeão nacional pelo Benfica em 2013/14, admitiu, no entanto, o favoritismo encarnado, mas lembra que surpresas podem sempre acontecer: «Não há jogos iguais e as coisas acontecem. Sabemos que o favoritismo está do lado do Benfica, mas já aconteceu e pode voltar a acontecer. O Chaves não é uma equipazinha qualquer, tem a sua história, a sua grandeza e o povo transmontano vai transmitir isso também».

«Sabemos que um jogo destes mexe com muita gente. É muita gente a ver, estádio cheio, inclusivamente, o jogo com o Benfica de há três épocas talvez tenha sido o jogo que teve mais gente. Eu até me lembro de ver gente fora do estádio, na zona do castelo, em cima. É sempre um dia especial», antecipa o ex-Boavista. Os bilhetes para o Chaves vs. Benfica de sexta estão esgotados.