Grande 4x2x3x1!
Dez anos é muito tempo, canta o lendário Paulo de Carvalho. E é verdade. É tanto tempo que se completará uma década a 30 de outubro sobre a estreia do hoje aniversariante Renato Sanches com a camisola do Benfica. Não sei o que é mais estranho. Se Renato se ter estreado há já quase dez anos, se Renato completar hoje 28 anos. Há dez anos, ele era um simples teenager. Jogava no Benfica B de Hélder Cristóvão, ao lado de Ederson, João Carvalho, Diogo Gonçalves ou Lindelof. Estreou-se na equipa principal do Benfica, orientada por Rui Vitória, a 30 de outubro, em Tondela, jogando os últimos 15 minutos no lugar de Jonas. Um mês depois, em Braga, chegou à titularidade (jogando os 90 minutos), ao lado de Fejsa.
O Benfica estava então na terceira posição, a sete pontos do Sporting e a cinco do FC Porto. Terminaria, seis meses depois, na liderança e com dois pontos de vantagem sobre os leões de Jorge Jesus. Havia a parede Júlio César; o goleador Jonas; Mitroglou, o homem do golo em Alvalade; o maestro, Pizzi; o geómetra Samaris; o patinho feio André Almeida e Luisão, o grande capitão. Porém, com licença dos 30 utilizados por Rui Vitória na Liga 2015/2016, o maior dos maiores foi o menino Renato Júnior Luz Sanches. Sim, era júnior; sim, encantou a Luz; sim, revolucionou o Benfica de há dez anos e, mais tarde, a Seleção Nacional na fase final do Euro-2016.
Hoje Renato Sanches completa 28 anos. Não se ainda vai a tempo de saltar para o patamar que se antevia em julho de 2016, antes de saltar para o Bayern e passar depois por Swansea, Lille, PSG, Roma e de novo Benfica. Não sei o que faltou ou o que lhe estará a faltar. Talvez sorte. Não me parece, pois, que seja um caso idêntico ao de João Félix. Há dez anos, Renato era júnior e encantava a Luz. Hoje, encaminha-se para os 30 e merece a sorte que não tem tido ao longo dos últimos nove anos.
Hoje, li por aí, comemora-se o Dia do Estagiário. E também Bryan Ruiz, tal como Renato, cumpre mais um aniversário: 40. Lembrei-me do costa-riquenho porque entra nos entas, mas também porque aquele remate falhado em Alvalade, ao minuto 72 do jogo de 5 de março de 2016 (com Renato em campo os 90 minutos), no cara a cara com Ederson e após cruzamento rasteiro de Slimani, foi digno do mais inexperiente estagiário do reino dos estagiários que poderiam ter saído, em 2016, da universidade dos estagiários.
Também hoje, mas há já 250 anos, nasceu aquele que é considerado como um dos homens mais invejosos do Mundo: António Salieri. De quem diziam invejar Wolfgang Amadeus Mozart.
Hoje, sinto-me uma espécie de Salieri: invejo a força física de Renato, a eternidade ganha por Bryan após o lendário falhanço e, sobretudo, as grandes estreias em Alvalade de Ricardo Mangas e Luis Suárez. Talvez já se possa dizer: que grande 4x2x3x1! E logo no dia em que Gyokeres jogou... zero.