Mangas, o «garganeiro» e a «Taberna Mecânica»: tudo o que disse Rui Borges
Rui Borges, treinador do Sporting, em declarações na conferência de imprensa após a goleada por 6-0 sobre o Arouca.
Disse que com o Casa Pia o Sporting fez a melhor exibição desde que chegou. Hoje repete a ideia?
- Não. Foi um bom jogo, com resultado e circunstâncias diferentes. Estou feliz porque os jogadores mantiveram-se ligados, não baixaram depois da expulsão. Por vezes, jogos contra 10 tornam-se mais melancólicos, mas os jogadores foram sérios e por isso é que o resultado foi como foi. E foram só três pontos.
Mangas foi criticado quando chegou, calou as críticas?
- É natural que as pessoas por vezes duvidem. Mas eu conheço-o bem. Fez um bom jogo, mas calma, haverá jogos em que vai fazer asneiras. É muito focado em tudo enquanto atleta e sei o que pode dar ao Sporting. Quem criticou começa a acreditar que é um jogador à Sporting.
- Mangas chegou ao Sporting muito barato, como é que o Sporting conseguiu o negócio?
- Isso do valor é para quem está de fora. Eu vim de Mirandela, fui um jogador dos escalões inferiores e fico feliz por ver um jogador português que passou por todos os escalões e chegou na hora certa ao clube do coração dele, apesar de ter crescido noutro clube [Benfica]. Chegou com um crescimento sustentado, sem nunca duvidar do valor que tem. Por vezes é uma questão de oportunidade. Dei-lhe oportunidade no Mirandela e dei-lhe muito na cabeça. Quando cheguei ao Vitória já lá estava, aqui dei-lhe uma oportunidade e ele está a agarrá-la. Fico feliz por vê-lo aqui e como ele há mais. Fala-se do Jota e do Tiago Silva que são dois grandes jogadores. Às vezes a malta só precisa de oportunidades.
Já chamam ao estilo de jogo de Rui Borges «Taberna Mecânica». O que acha do nome?
- Estou a pensar abrir uma taberna. Se calhar ganhava dinheiro. Estou a brincar. Não ligo a isso.
A equipa está mais pressionante, é uma equipa mais à sua imagem?
- No ano passado também já o éramos, talvez de forma diferente. Éramos mais intermitentes a pressionar. Este ano estamos a ser mais consistentes a pressionar mais tempo e temos mais qualidade com bola, com um futebol associativo. Temos de acrescentar coisas diferentes para nos tornarmos mais imprevisíveis. No último jogo tivemos muito jogo interior, o Arouca percebeu isso e agora deu-nos os corredores e nós conseguimos criar oportunidades pelas alas. É essa imprevisibilidade que queremos para que os adversários não se sintam confortáveis e tenham dificuldade em equilibrar os jogos. A dificuldade vai ser manter a consistência com o passar dos jogos. Mas a resposta da equipa tem sido fantástica.
O que não gostou e a equipa tem de melhorar?
- Gostei do jogo no seu todo. Só não gostei dos 10 minutos depois da expulsão. tentámos demasiados passes interiores muito depressa. No 3-0 fizemos o que o jogo pedia, circular para encontrar o espaço porque o adversário estava com 10. Só exagerámos um pouco do jogo interior, mas é a identidade da equipa. Não vamos ser perfeitos a toda a hora, mas não quero que os jogadores se escondam. Falhem, mas depois respondam.
Suárez mostrou que tem de ser a principal referência ofensiva?
- O Luis deu uma boa resposta e fez o jogo dele. Tal como o Harder que quando entrou tentou procurar o golo dele e até o merecia. Agora está a jogar o Luis, daqui a uma semana ou duas pode estar a jogar o Harder. Tal como o Geny jogou e o Quenda tem trabalhado muito bem. Apostei no Zeno e o Edu [Quaresma] tem trabalhado excecionalmente bem, custou-me deixá-lo de fora. Vai haver oportunidades para todos, têm de dar resposta. O treinador tem de fazer opções.
Sentiu o Harder ansioso?
- É natural da idade dele. Fez bem em ser garganeiro, como por vezes dizemos dos avançados. Eles são todos iguais [risos]. Está a crescer, entrou depois de ver o outro marcar dois golos. Tentou ajudar a equipa, já faz mais jogo associativo, tem um potencial enorme tem de passar etapas e está a fazê-lo.
Qual foi o pilar tático de que gostou mais?
- Os pilares são a equipa. O rigor de todos. Gostei da intensidade que metemos desde o primeiro minuto. Os nossos homens da frente dão-nos muito essa capacidade. As equipas percebem que vão sofrer, principalmente aqui em Alvalade. No ano passado perdíamos demasiadas bolas muito depressa, o que nos dava um desgaste maior. Agora aguentamos mais a bola.
Quer mais um central se St. Juste sair, ou não precisa?
O St. Juste é jogador do Sporting. Estou feliz com os centrais que tenho. O Eduardo Quaresma é um miúdo que precisa de ser exposto à posição dele, tem um potencial enorme e que tem treinado muitíssimo bem. Tem treinado para jogar e por vezes custa tomar decisões. E o Zeno tem qualidade técnica acima da média e se conseguir crescer noutros aspetos, é dos melhores do mundo. De frente para o jogo a qualidade dele é acima da média. Faz muitas coisas e muito bem feitas. Em termos de visão de jogo e de passes é claramente acima da média. Na equipa B, o Bruno Ramos, o Moniz potencial enorme. São dois miúdos que estão a jogar e em quem o clube acredita muito.