Francesco Farioli, treinador do FC Porto
Francesco Farioli, treinador do FC Porto - Foto: IMAGO

Farioli vai ter de mudar

Últimos resultados não são preocupantes, mas exibições levantam questões. Treinador admitiu que é preciso mudar para voltar a ver o dragão dominador que agora tem dificuldades

O fulgor que o FC Porto de Farioli apresentou no início da época desvaneceu-se. O entusiasmo desde o primeiro minuto de cada jogo deu lugar ao sofrimento até ao último segundo. A pressão sufocante transformou-se numa luta nem sempre esclarecida por desbloquear blocos mais baixos. A energia de um renovado espírito de equipa continua a ganhar jogos por cá, mas não convence na Europa.

Sendo otimista, o técnico italiano vê nas últimas partidas um sinal de que os adversários voltaram a ter «medo» do FC Porto. Mas é o primeiro a admitir que «é hora de descobrir novas soluções». Em Moreira de Cónegos, terreno quase sempre difícil para os dragões e até à passada segunda-feira invencível com Vasco Botelho da Costa ao leme, foi o banco a descobri-las: Deniz Gul marcou o golo da vitória, William Gomes confundiu adversários e criou perigo e Rodrigo Mora agitou o que até então estava muito aborrecido. Ora, se a fórmula inicial foi desconstruída pelos mais atentos observadores, será difícil não começar a duvidar dela. E ficar dependente das entradas certeiras dos suplentes nem sempre terá o resultado pretendido.

Com muito trabalho feito no Olival em pouco tempo, o FC Porto de Farioli surpreendeu tudo e todos. Está em primeiro lugar na tabela e merece-o. Já foi vencer a Alvalade e aos surpreendentes Gil Vicente e Moreirense, empatou com cautela no Dragão com o Benfica e só perdeu com uma equipa da Premier League, mesmo que convenha haver aqui sempre um «mas»... que não ganha a mais ninguém. Só que o maior trunfo de todos, o choque que causava aos adversários a todos os momentos do jogo, parece já não ter efeito.

As novas soluções têm de aparecer, então. Se Alan Varela continuar a ser facilmente bloqueado, se Froholdt correr para nada, se os laterais não fizerem a diferença, o FC Porto estará mais perto de ficar insatisfeito com o resultado final. Jogos sofridos como o de Moreira de Cónegos podem dar campeonatos, é verdade, mas, na minha opinião (e arrisco que na de Farioli também), jogar bem ainda dá mais.

Para isso, o treinador tem de mostrar algo diferente. Tem a equipa unida, o que é meio caminho andado para o sucesso, e conquistou o direito a que os adeptos acreditem nele. Não há dado estatístico que contrarie o bom trabalho feito até agora, mas há cada vez mais sinais de que o caminho não vai ser sempre divertido. Nesta altura, não sei se os adversários que aí vêm (SC Braga, Utrecht e o também surpreendente Famalicão) têm medo, mas tenho a certeza que têm vídeos.