Bidstrup foi a figura do Salzburgo frente aos dragões - Foto: IMAGO

Está na hora do FC Porto recuperar a sua dimensão europeia

Vitória na Áustria foi um bom primeiro passo, mas também houve sinais preocupantes

O primeiro passo para o FC Porto recuperar a sua dimensão europeia foi dado ontem na Áustria. O golaço de William Gomes valeu coisa rara na última década, uma entrada a ganhar nas provas da UEFA (só tinha acontecido duas vezes nas dez tentativas anteriores).

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O dragão habituou, e habituou-se, a ser temível e temido na Europa, mas a verdade é que nos últimos anos, sobretudo nos últimos cinco, tem sido um dragão de papel.

Na época passada foi o que se sabe, uma campanha muito sofrida na UEFA Europa League (com derrotas frente a Bodo/Glimt, Lazio e Olympiakos na fase de liga), com apuramento à justa para o play-off de acesso aos oitavos de final, onde seria eliminado pela Roma.

Nos três anos anteriores, três eliminações nos oitavos de final — Arsenal e Inter, na UEFA Champions League, e Lyon, na Liga Europa. Para encontrar o FC Porto nos quartos de final de uma competição europeia é preciso recuar até 2020/2021, quando o dragão caiu às mãos do Chelsea, depois de eliminar a Juventus nos oitavos.

Tudo adversários de nome, tudo adversários das ligas big-5, nenhuma das eliminações, vista isoladamente, motivo para embaraço ou preocupação. Mas tudo somado, o FC Porto foi caindo no ranking da UEFA e já é apenas o 29.º clube da Europa, seis lugares atrás do Sporting.

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O golaço de William Gomes foi, então, um bom primeiro passo. Já o jogo...

Em Salzburgo, o FC Porto mostrou defeitos recentes na Europa, apesar de todas as mudanças feitas no verão. A equipa de Farioli mostrou uma permeabilidade que tem sido rara na Liga (embora contra o Nacional já tenham ficado sinais alarmantes) e a esta hora ainda deve estar a interrogar-se como conseguiu manter a baliza de Diogo Costa a zeros — o único golo sofrido em sete jogos foi marcado na própria baliza, por Nehuén Pérez, em Alvalade, contra o Sporting. Juntando a isso a dificuldade para rematar com perigo —fê-lo uma ou outra vez, mas menos que os austríacos —, pode bem dizer-se que o triunfo caiu do céu.

Uma das culpas parece-me ser a falta de competitividade da Liga portuguesa. O FC Porto é melhor que o Salzburgo e por isso tenta mandar no jogo, mas o adversário, mesmo que inferior, é bem melhor que os que defronta todas as semanas. É capaz, por isso, de pôr problemas diferentes, a um nível a que, cá pelo burgo, talvez só o SC Braga consiga. Mas os Salzburgos, os Olympiakos, os Bodo/Glimts desta vida não andam a ver passar navios. E é bom que o dragão se considere avisado.