William Gomes foi o herói portista - Foto: Catarina Morais/Kapta+
William Gomes foi o herói portista - Foto: Catarina Morais/KAPTA+

Na Europa a coisa aperta, mas William Gomes tinha a chave (crónica)

Austríacos ficaram a segundos de serem os primeiros a travar o FC Porto de Francesco Farioli. Extremo brasileiro, lançado na segunda parte, voltou a marcar um golaço e os dragões continuam... irresistíveis

SALZBURGO — «Ufa!», terá pensado Francesco Farioli quando Vassilis Fotias fez soar o apito final. O FC Porto versão 2025/26 nunca esteve tão perto de não vencer um jogo esta época, mas ainda não foi sétima tentativa. E logo graças ao número… sete, que continua apostado em sacar coelhos da cartola. O desta quinta-feira apareceu aos 90’+3’ e garantiu uma entrada europeia com o pé direito ao líder isolado da Liga portuguesa.

Farioli tinha deixado no ar a possibilidade de mexer no onze e fê-lo na dose mínima, trocando Moura por Zaidu. O Salzburgo, a atravessar fase delicada, mudou mais peças. O FC Porto não entrou com a voracidade de outros jogos, mas, aos 3’, já Borja Sainz atirava à barra. Roubando a bola à turma da casa, os dragões foram gerindo a posse nos minutos iniciais, procurando esticar, aqui e ali, para os extremos ou Samu. Aos 12’, pânico na área azul e branca, resolvido a meias por Diogo Costa e Kiwior. Seguiram-se momentos de aperto — quase uma novidade esta época — para a equipa de Farioli, que sentiu problemas nos momentos de aceleração do adversário. Aí, o duo polaco sofreu com a distância entre setores e com as idas de Gabri Veiga e Froholdt aos adversários, ficando Varela exposto; foi valendo a solidariedade na hora de cerrar fileiras dentro da área. Na tentativa de resposta, golo anulado a Bednarek, insuficiente para assustar o Salzburgo, que continuou a explorar bem o espaço e a fechar ainda melhor o corredor central.

Os dragões não estavam confortáveis no jogo, longe disso, mas, a partir da meia-hora, começaram a ganhar algum terreno, não raras vezes com Rosario e Zaidu (fechou mal o espaço para Kiwior) mais interiores em organização ofensiva. Farioli detetou o problema, Froholdt ameaçou (33’), Gabri Veiga (44’) também, mas o nulo resistia ao intervalo.

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A segunda parte começou com toada semelhante à da primeira e o técnico italiano quis dar um abanão, lançando Martim Fernandes (de volta), Moura e William Gomes de uma só vez —Rosario subiu para o miolo. O Salzburgo não se acanhou e, aos 57’, valeu o VAR ao FC Porto. O susto acordou (de novo) os dragões, mas a atrapalhação de Samu e sofreguidão de Borja não ajudaram. Os da casa mexeram, com quatro entradas de uma assentada (65’), Farioli respondeu com Mora no lugar de Varela. A derradeira aposta foi Deniz Gul, mas foi o Salzburgo que quase marcou. Perdida inacreditável de Vertessen (79’). Alívio azul e branco à entrada para uma reta final desinspirada. Exceção feita, claro, ao momento-chave da partida. Na fase de desespero, William, pela terceira vez esta época, puxou para dentro, atirou de pé esquerdo e… explosão de alegria.

Na cidade de Mozart, a banda portista não esteve inspirada. Mas cumpriu a missão e segue para a próxima freguesia com registo intocado. Vem aí um microciclo infernal: Arouca, Estrela Vermelha e Benfica em menos de uma semana!