«Cristiano Ronaldo na Seleção? Será até ele querer...»
— Na primeira grande prova do Ricardo, o Euro-2004, estava lá um tal Cristiano Ronaldo, que, 21 anos volvidos, continua a marcar pela Seleção. Até quando vamos vê-lo com a camisola de Portugal?
— Sinto que será até quando ele quiser. A verdade é que ele ganhou tanto crédito durante estes anos todos… E acho que está bem, que é o mais importante. Ajuda, sente-se que ele faz parte e sente-se que pode ajudar. O míster Roberto, principalmente, teve todo o mérito em trazê-lo de volta à Seleção depois do Mundial’2022. A sensação do míster, nas reuniões que tivemos, é de que o Cristiano será capaz de chegar ao Mundial. Não faço ideia até quando pode ir, se tem limite ou não, mas estamos todos muito contentes por ele ser o nosso capitão e liderar a equipa da forma que tem liderado.
— Há jogadores nesta Seleção capazes de assumir a braçadeira quando Ronaldo decidir parar?
— Temos bons líderes. O Cristiano sabe que vai acabar por perder esta luta para o tempo. Ele sente-se bem e é uma peça importante na equipa. Acho que, neste momento, está a viver um pouco dia a dia. Depois, temos jogadores que jogam em grandes clubes, que são campeões. Já lideram as suas equipas, têm experiência e seguramente vão poder liderar à sua maneira. O Cristiano lidera à sua maneira, cresceu muito ao longo dos anos, desde que começou comigo em 2003/2004. O mais importante é que a Seleção está bem servida de talento e de bons líderes.
— Como foi mudar o chip e passar de colega a treinador do Cristiano?
— Eu estou mais ligado aos aspetos defensivos da equipa, mas é um prazer estar com ele. Sempre houve um respeito muito grande entre os nós e isso é o mais importante. Agora tenho uma função diferente, mas é como se continuasse a ser o colega dele, apenas com outras funções. No campo, se tiver de dizer alguma coisa ao Cristiano, digo, e ele também me diz. Temos muita abertura. O míster [Roberto Martínez] está sempre a dizer que a porta dele está aberta para quem quiser falar. Alguns podem passar por mim, ou por outros, mas, se quiserem falar diretamente com o míster, os jogadores sabem que podem.
«O míster [Roberto Martínez] está sempre a dizer que a porta dele está aberta para quem quiser falar»
— Falando no aspeto defensivo, pode dizer-se que o futuro está assegurado a nível de centrais?
— Sim, felizmente têm aparecido jogadores mais jovens, com muito talento e margem de progressão. Temos o Rúben Dias, já com a experiência sabemos. É um líder nato. Depois, temos vários jovens com experiência acumulada. O António [Silva], já com muitos jogos na Liga portuguesa, o Gonçalo [Inácio], o Renato [Veiga]… Depois, há jogadores como o Toti e o Diogo Leite, que estão a fazer o seu percurso fora, o que também não é fácil. O próprio Tomás Araújo, que começou a impressionar na época passada. Também podia falar dos laterais, mas, naquela que era a minha posição, têm aparecido jogadores com muita qualidade, que não podem parar de evoluir.
— Há algum deles em que se reveja mais?
— Ui, essa é mais difícil… Vejo o Rúben [Dias] como um líder nato. Gosta de defender e eu gosto da maneira como ele joga, porque é daqueles que celebra uma boa defesa ou um bom carrinho como fosse um golo. Para um defesa, é importante gostar de defender e ele nota-se que gosta. Depois, há alguns com maior capacidade técnica, outros com mais capacidade física. Acima de tudo, é um prazer estar com eles, porque querem aprender e evoluir. Temos pouco tempo para trabalhar, porque eles jogam, depois damos dois dias de recuperação e a seguir há outro jogo, mas noto que os mais novos, neste caso, estão a crescer.