Pablo Gozálbez criou os primeiros lances de perigo do Arouca, mas foi travado por Lazar Carevic — Foto: Paulo Novais/LUSA

Casa da sorte resistiu a tudo menos à senhora justiça (crónica e notas)

Foi até aos 85 minutos que o Arouca soube ser eficaz a agarrar-se ao destino que o triplo azar do Famalicão levara até à Serra da Freita. Até que Justin de Haas, de livre, levou ao marcador o resultado certo

O empate, conseguido já à beira do fim por Justin de Haas, trouxe justiça a um resultado que, até ao minuto 85, por conta da vantagem conseguida para o Arouca por Trezza, não era, em absoluto, demonstrativo do equilíbrio e, até, de algum pendor mais dominador dos visitantes, um facto que só não teve expressão nas contas mais cedo porque João Valido foi gigante em três ocasiões na baliza arouquense e porque o poste (uma vez) e o árbitro (duas) não permitiram: neste último caso, Luís Godinho anulou, e bem, dois golos famalicenses.

Mas vamos à história que redundou neste 1-1 final. Entrou forte o Arouca, decerto com vontade de rapidamente corrigir a imagem de dominado deixada na segunda-feira passada diante do FC Porto (0-4). E logo ao primeiro minuto já estava a criar perigo, por Pablo Gozálbez, a que se seguiu sequência de três cantos e novo disparo do espanhol, agora para grande defesa de Carevic.

Estava lançado o mote para 20 minutos de domínio dos homens da casa. Até que, após muito suar, o Famalicão começou, enfim, a equilibrar o duelo e a mostrar que não estava ali para ver jogar. No espaço de dois minutos (27' e 28'), primeiro foi Simon Elisor a rematar para enorme defesa de João Valido (um dos heróis da tarde) e, logo depois, ainda se gritou golo, mas a bomba de Rafa Soares acertou em cheio no poste! Ficava o aviso. E um sinal do azar que perseguia o Fama que, aos 45', celebrou o 1-0, mas o golo foi anulado por falta de Elisor no momento do cabeceamento.

Os bons ventos famalicenses antes do intervalo mantiveram-se no arranque da segunda metade. Mas... sem resultados. Aliás, seria o Arouca a ser de novo bafejado pela sorte, quando de um lance perdido viu nascer a luz: Rafa Soares, de novo azarado, baixou-se para deixar a bola seguir, mas esta bateu-lhe nas costas e ficou à mercê do contragolpe de Trezza que, na cara de Carevic, não desperdiçou e fez o 1-0. Faltava mais de meia hora para jogar, o conjunto de Vasco Seabra sorria e, consciente do valor da oferta, quis agarrar-se a ela com todas as suas forças.

E quase o conseguia. Nos 25 minutos que se seguiram, foi travando todas as intenções do Famalicão como pôde... Até que aquela que tarda mas não falha deu, enfim, um sinal da sua graça. A senhora justiça entrava em ação na Serra da Freita: a grande figura do Famalicão, Gil Dias, protagonizou belo lance individual, só travado no limite da área por falta de Fontán; este viu o segundo amarelo, foi expulso e, na sequência do respetivo livre, Justin de Haas vestiu a pele de herói e atirou direitinho para o fundo da baliza!

Estava feito o 1-1, um resultado bem mais de acordo com o que se viu na tarde de ontem em Arouca. A equipa da casa ainda sonhou com o regresso às vitórias após pesada derrota com o FC Porto (0-4), mas encolheu-se cedo demais.

Por seu lado, o Famalicão ainda esticou mais o elástico na busca dos três pontos, mas já não conseguiu ultrpassar o muro da casa.

As notas dos jogadores do Arouca:
João Valido (7), Tiago Esgaio (6), Popovic (6), José Fontán (4), Arnau Solà (6), Fukui (5), David Simão (6), Alfonso Trezza (7), Pablo Gozálbez (6), Nais Djouahra (5), Barbero (5), Jansonas (5), Miguel Puche (5), Espen van Ee (5), Brian Mansilla (-) e Amadou Danté (-).

A figura: Alfonso Trezza (nota 7)
Veloz e venenoso, soube estar no sítio certo à hora certa, quando o azar de uns decidiu transformar-se na sorte dele: decorria o minuto 58 e uma bola que parecia perdida acaba por bater nas costas de Rafa Soares, voando direitinha para os pés de Trezza; este não desperdiçou a oportunidade, disparou na direção da baliza e, na cara de Carevic, atirou para o 1-0. De resto, bom jogo do extremo uruguaio.
O melhor em campo: Gil Dias (nota 7)
Se Justin de Haas se destacou com o golo do empate (86') a isso se deveu a bela jogada individual antes protagonizada por Gil Dias, que serpenteou até ser travado em falta (e expulsão de Fontán), a falta que resultaria no 1-1. Mas já antes o extremo português dera nas vistas, com disparos velozes nas alas e lances de perigo constante, como aos 37' (grande defesa de Valido) e 41' (falhanço de Elisor).

Vasco Seabra

Fomos bravos e fomos a equipa que mais quis ganhar desde o início. No geral, o Arouca dominou o jogo na primeira parte; na segunda, foi mais equilibrado. Depois marcámos e quisemos segurar. A dupla pancada (expulsão e golo) quebrou-nos!

Hugo Oliveira

Merecíamos mais, Este jogo só podia acabar com três pontos para nós: bolas no poste, golos anulados... Mas defrontámos um adversário forte e não fomos tão agressivos como devíamos ter sido. Um erro, porém, ditou o golo do Arouca, quando não merecia.