CAN: portas abertas, os favoritos e TV só para alguns
A Taça Africana das Nações (CAN, sigla em francês) começou com a confirmação do favoritismo de Marrocos, que a jogar em casa é apontada como a seleção mais forte. Mas também com vitória no último instante do Egito com golo do rei Salah, evitando um início em falso. E também com Angola a não resistir ao melhor futebol da África do Sul. Mas também com estádios com muito poucos adeptos — exceção feita, claro está, ao encontro dos anfitriões — e até com uma decisão curiosa de se abrirem portas dos outros jogos, sem que, no entanto, a medida tivesse grandes efeitos.
Sem dúvida que as imagens do jogo em que Marrocos bateu as Comores por 2-0 mostraram que não será por falta de apoio que a seleção de Hakimi deixará de conquistar o segundo título africano da sua história. Mas os relatos de imprensa internacional sobre o desinteresse dos adeptos e até de algumas falhas organizativas — de erros da ligação ao VAR a algumas debilidades no apoio às seleções participantes —, são todos os dias contrariados pela comunicação social daquele país do Norte de África.
Um sucesso, a demonstração da capacidade organizativa de Marrocos e o reforço da imagem juntos da grande maioria dos países do mundo, que pode ter efeitos no desenvolvimento do turismo. Principalmente pela fantástica cerimónia de abertura.
O mais curioso é que também os direitos televisivos geram polémica e basta ver o artigo do Jornal da Angola na edição de ontem. Refere a publicação que na Costa do Marfim as redes sociais ficaram em polvorosa depois de se saber que as emissoras africanas poderão transmitir apenas alguns encontros, enquanto a maioria estará destinada a canais pagos, o que, diz o jornal, é um «atentado», visto que o torneio é financiado por patrocinadores do Continente Negro, que o fazem porque pretendem que as populações vejam sem restrições todos os encontros da competição.
Vejam como o Jornal de Angola aborda a situação: «Influenciadores, humoristas e comentaristas aproveitaram-se da questão. Apoutchou National, Gbi de Fer, Stoni, Franck Zorro Bi e Hassan Hayek, entre outros, denunciaram o Campeonato Africano das Nações como sendo 'confiscada' em benefício de interesses comerciais, em detrimento do povo africano. Todos exigiram acesso irrestrito e gratuito a todas as 52 partidas, citando a natureza popular e unificadora da competição.»
O certo é que, percebendo que este é um tema quente, a Confederação Africana de Futebol continua a negociar com algumas estações de vários países para tentar um acordo que, com a competição em andamento, não será fácil.
Nos jogos de ontem, foi visível que os estádios continuam a não estar cheios, mas a verdade é que ainda agora começou a CAN e esse é um problema que será resolvido muito em breve. Mais difícil será a questão das transmissões abertas para todos os países africanos. Garantido é que o clima de festa continuará, com bancadas mais ou menos cheias.
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