A BOLA falou com Marina Arraes, funcionária do espaço mais português na capital da Irlanda

Café Lisboa: pastéis de nata e música portuguesa no coração de Dublin

A BOLA foi conhecer o espaço mais português da capital irlandesa, em dia de jogo entre os dois países

Abre-se a porta e somos cumprimentados com música portuguesa, paredes pintadas com azul do mar e com desenhos da Torre de Belém. O espaço é pequeno, mas não há dúvidas: entrar no Café Lisboa em Dublin é como regressar a Portugal num pequeno passo. Nascido há três anos na zona norte da capital – que é o mesmo que dizer a norte do rio Liffey – o objetivo sempre foi o mesmo: «Trazer para os portugueses que moram em Dublin um pouquinho de casa.»

Assim o explica Marina Arraes, brasileira com ascendência portuguesa e que trabalha no café há um ano. «As pessoas gostam de vir até aqui, de escutarem as músicas portuguesas, beberem um café Delta e provarem os nossos doces.»

«Os portugueses adoram vir cá, dizem que temos o melhor pastel de nata de Dublin, gostam de vir aqui e desacelerarem um pouco. A vida é muito corrida em Dublin, então o nosso café tenta ser algo familiar, onde a pessoa pode chegar, descansar e conversar.»

Voltando ao capítulo da pastelaria, o pastel de nata está, claro, acima de tudo e, no Café Lisboa, é de fabrico próprio. «É o meu doce favorito do café», diz Mariana, «não vou dizer que é como um pastel de Belém, porque esse só em Belém, mas chega lá perto.»

À conquista da Irlanda

O negócio tem uma história curiosa: foi fundado por um casal de um português e uma brasileira, que o tiveram de vencer (por motivos de saúde) a um casal composto… por um brasileiro e uma portuguesa. Certo é que a portugalidade também já conquistou os locais.

«Fomos indicados há pouco tempo para o concurso de melhor cafeteria em Dublin. Ainda não foi o concurso, mas estamos aí na expectativa», conta Marina, falando depois da popularidade do local: «Nós trazemos um pouco da cultura portuguesa aqui para a Irlanda e nós temos, claro, um grande público português, mas ainda temos um grande público irlandês e de outras nacionalidades também. É um intercâmbio cultural.»

A Torre de Belém como logo do Café Lisboa (Foto: A BOLA)

Natural de Belém, no estado do Pará, dois dos avós de Marina eram de Braga e ela própria já viveu em Portugal por três anos, antes de vir trabalhar para este canto português na Irlanda.

«Eu falo que Portugal me persegue, porque continuo aqui com portugueses. E o facto ter acesso ao café português, à comida portuguesa, e também poder falar um pouco da nossa língua num país onde se fala maioritariamente inglês, isso ajuda bastante. Até me lembra um pouco da minha casa.»

Por fim, em dia do Irlanda-Portugal no apuramento para o Mundial, é esperado um dia movimentado: «Estamos à espera de muitos portugueses, estamo-nos a preparar para todo o nosso público português, os que moram aqui e os que vieram de Portugal para cá.»

Assim que se fecha a porta do café, estamos de volta ao ar frio da rua. O sotaque português fica para trás, assim como os sabores e as músicas lusitanas, mas tudo se mantém alojado na memória de quem quiser saborear Portugal sem sair de Dublin.