Foi na Amadora que o Rio Ave logrou a estreia a vencer longe de Vila do Conde na presente temporada - Foto: Rodrigo Antunes/LUSA
Foi na Amadora que o Rio Ave logrou a estreia a vencer longe de Vila do Conde na presente temporada - Foto: Rodrigo Antunes/LUSA

Benjamin reforçou marcas da 'depressão' na Reboleira (crónica)

João Nuno ativara os alertas, mas ainda não foi desta que o técnico somou a primeira vitória. Vila-condenses aproveitaram a maré e 'surfaram a onda' para se estrearem a vencer fora de casa na presente temporada

Lisboa era um dos vários distritos sob aviso amarelo devido à depressão Benjamin, que este fim de semana afeta grande parte do território nacional, e, como tal, o concelho da Amadora estava, também, em alerta.

A chuva não foi assim tão forte quanto chegou a temer-se — os aguaceiros que caíram durante o encontro não tiveram a intensidade suficiente para prejudicar o espetáculo —, mas o resultado final do desafio deixou a nu os efeitos sentidos pelos tricolores. Que no reinado de João Nuno continuam sem vencer — antes da receção ao Rio Ave (na estreia do técnico em partidas na Reboleira), os amadorenses tinham baqueado diante do Gil Vicente (0-2), para a Liga, e no reduto do Alpendorada (1-3), para a Taça de Portugal.

No entanto, e ao contrário do que aconteceu no passado fim de semana, no duelo com a formação que alinha no Campeonato de Portugal, os jogadores estrelistas tiveram uma atitude competitiva assinalável. E, a espaços, jogaram um futebol de qualidade. Nomeadamente na primeira parte, período em que foram claramente superiores ao adversário, pelo que o golo de Paulo Moreira (belo remate cruzado, na sequência de uma jogada de insistência de Jorge Meireles) deu justiça ao marcador.

O grande problema para o Estrela é que os jogos... não acabam ao intervalo. A etapa complementar teve uma toada completamente diferente, com mérito total para o Rio Ave. E, mais concretamente, para a postura dos jogadores do emblema da caravela durante os segundos 45 minutos.

Qualquer que tenha sido a mensagem de Sotiris Silaidopoulos em tempo de descanso — além das substituições que efetuou e que redundaram na mudança de sistema, com a equipa a deixar a linha de três centrais para passar a jogar com quatro defesas e mais um elemento no meio-campo — a verdade é que surtiu efeito. E de que maneira!

André Luiz, logo após o reatamento, rematou em arco, com categoria, para o empate — o extremo brasileiro não festejou, por respeito ao Estrela da Amadora, o seu anterior clube — e esse tento fez bem... às duas equipas.

Os tricolores sentiram-se espicaçados e voltaram à carga, mas os rioavistas, catapultados pelo aspeto psicológico, foram em busca de mais. E conseguiram.

Já dentro dos últimos 20 minutos, Marious Vrousai integrou-se no ataque, entrou na área pelo flanco direito e rematou cruzado para selar a cambalhota.

A depressão Benjamin teve reforço na Reboleira e prolongou o mau momento do Estrela, o Rio Ave venceu pela primeira vez fora de casa na presente temporada.

O melhor em campo: André Luiz (Rio Ave)
Quem não o conhecesse ou não soubesse o seu número dificilmente teria percebido que tinha sido titular. Porque na primeira parte, à imagem, de resto, do que sucedeu com toda a equipa, o extremo pouco se viu. Na etapa complementar, porém, e à boleia do excelente golo que apontou, deixou no relvado da Reboleira (que tão bem conhece) todo o seu repertório técnico e foi autêntico às de... tr(i)unfo.
A figura: Paulo Moreira (Estrela da Amadora)
Não só pelo golo que marcou, mas também. O médio dos tricolores aproveitou bem a presença de Oumar Ngom ao seu lado para se libertar mais para tarefas ofensivas e numa das chegadas à área contrária teve a destreza necessária para puxar o pé esquerdo atrás e rematar de forma colocada para o primeiro golo da noite. Trabalhou bastante no setor intermediário, com e sem bola.

As notas dos jogadores do Estrela da Amadora:

As notas dos jogadores do Rio Ave:

Luís Silva (treinador-adjunto do Estrela da Amadora):

Entrámos bem no jogo e na primeira parte tivemos o domínio e o controlo. Trabalhámos para chegar ao golo e acabámos por conseguir. Depois, na etapa complementar, o Rio Ave voltou melhor do que tinha estado e marcou um golo cedo que lhes deu tranquilidade. Ainda continuámos a trabalhar com uma alma muito grande e não merecíamos, de todo, este resultado, até porque até ao fim tivemos várias aproximações perigosas à baliza.

Sotiris Silaidopoulos (treinador do Rio Ave):

Foi uma vitória da personalidade e do carácter que a equipa demonstrou na segunda parte. Os jogadores que saltaram do banco deram muita energia à equipa. Estamos num processo e precisamos de tempo para desenvolver o nosso jogo.»