Benfica: milhões para as últimas decisões
A qualificação para a fase de liga da Champions ou a queda para a mesma fase mas da Liga Europa determinará as ações do Benfica nos últimos dias de mercado, não apenas em contratações como também em vendas. O saldo entre entradas e saídas está, neste momento, positivo em cerca de €4 milhões, mas os encarnados estão a encarar os derradeiros dias para mexer no plantel com a prudência que o momento financeiro exige.
A diferença dos prémios entre a UEFA Champions League e a Liga Europa é, nas palavras de um antigo primeiro-ministro, colossal. A começar pelo prémio de participação e a continuar nos valores atribuídos a vitórias e empates, para lá das presenças na fase a eliminar — €18,62 milhões pela entrada na maior prova da UEFA, que paga €2,1 milhões por vitória e €750 mil por empate; na Liga Europa, entrada na fase de liga vale €4,310 milhões, vitória €450 mil e empate €150 mil.
O Benfica, por ter chegado ao play-off já garantiu €4,290 milhões — entrando na Champions recebe, então, €18,62 milhões, que serão já pagos pela UEFA em setembro; se cair para a Liga Europa tem direito a €4,310 milhões aos quais juntará os €4,290 milhões do play-off, num total de €8,6 milhões.
Nos últimos seis anos, o Benfica recebeu €318, 84 milhões de prémios de participação nas competições europeias. O maior proveito de sempre aconteceu na época 2022/2023 (começou na terceira pré-eliminatória e foi eliminado nos quartos de final pelo Inter), com €74,3 milhões, o pior na temporada 2020/2021 (eliminado no play-off de qualificação da Champions, caiu depois nos 16 avos de final da Liga Europa com o Arsenal), apenas €10,2 milhões.
Na última época, o Benfica voltou aos oitavos de final da Champions, amealhando €71,44 milhões (valor ainda por confirmar pela UEFA e ainda não refletido em relatório e contas). Aos quais se terão de juntar €25,35 milhões pela participação no Mundial de Clubes da FIFA, nos Estados Unidos. Total: €96,79 milhões.
Mesmo com elevados proveitos do desempenho desportivo internacional, o Benfica está comprometido ao pagamento de quase €89 milhões, excluindo bónus por objetivos, pelas contratações de Obrador, Dahl, Dedic, Richard Ríos, Enzo Barrenechea e Ivanovic. Receberá, em contrapartida, cerca de €93 milhões, excluindo também bónus por objetivos, das transferências de Arthur Cabral, Casper Tengstedt, Orkun Kokçu e Álvaro Carreras.
O Benfica está, pois, em condições de ainda reforçar o plantel e, sabe A BOLA, irá fazê-lo. A prioridade — depois de confirmada a continuidade de Kerem Akturkoglu, que implicou a desistência da contratação de Mohamed Amoura, avançado/extremo pelo qual o Wolfsburgo pedia €35 milhões — é um médio-ofensivo e de criação. Georgiy Sudakov está no topo das preferências, mas o Shakhtar pede €30 milhões para libertá-lo. E por esse preço dificilmente haverá acordo com o Benfica. Carlos Álvarez, extremo/médio ofensivo do Levante, também está na lista. Certo é que o Benfica está em campo para reforçar a equipa e a entrada na Champions dar-lhe-ia muito mais conforto para atacar os alvos mais caros, como o internacional ucraniano.
Serão, como tal, mais cinco dias em que Rui Costa e Rui Pedro Braz, presidente e diretor desportivo, não terão descanso nem mãos a medir para formar o melhor plantel.