Rakip, em 2018, à chegada a Lisboa para assinar pelo Benfica — Foto A BOLA
Rakip, em 2018, à chegada a Lisboa para assinar pelo Benfica — Foto A BOLA

Assinou pelo Benfica, não jogou e ainda perdeu dinheiro: Rakip revela drama

Médio esteve na Luz em 2018 e passou calvário, que incluiu empréstimo, proibição de jogar e férias extra não desejadas

Erdal Rakip, 29 anos, médio de origem sueca, mas internacional pela Macedónia do Norte, abordou em declarações ao Podcast Lundh a passagem fugaz pelo Benfica, que rendeu... zero minutos e muitos problemas.

Depois de uma grande temporada pelo Malmo, em 2017, Rakip mudou-se para o Benfica em janeiro de 2018, mas foi imediatamente emprestado a uma equipa da Premier League. «Sim, a temporada na Suécia acaba cedo, em novembro. Mudei-me por volta de 20 de janeiro. O plano era assinar pelo Benfica e ser emprestado. Não estava decidido que seria ao Crystal Palace, mas acabou por ser. Levei cerca de um mês, mês e meio, a ficar em forma, porque vinha das férias na Suécia. E, nessa altura, o Palace tinha muitos jogadores lesionados», começou por explicar Rakip.

Erdal Rakip revela inclusivamente conversa com o treinador de então do Palace, Roy Hodgson, quando adquiriu ritmo: «'Estás em boa forma, mas estamos no fundo da tabela e tenho de apostar nos jogadores mais experientes para garantir a permanência'. E nessa altura todos os jogadores deles voltaram das lesões, então ele teve de jogar com eles para salvar a permanência na Premier League.»

O regresso ao Benfica no final da época 2018/19 não correu como esperava. «O plano era ser emprestado ao Palace, voltar no verão ao Benfica e fazer a pré-época com eles. O plano parecia ótimo. Mas, do nada, eu estava em casa e vejo que o Benfica já tinha começado a treinar. E eu não tinha recebido qualquer informação. Achei que algo não estava bem. Liguei ao meu agente da altura e ele disse-me: 'Eles deram-te férias extra'. Achei estranho. Por que haveriam de dar-me férias extra?», questionou então.

Erdal Rakip não estava satisfeito e procurou respostas: «Duas semanas depois, voei para Lisboa. Quando cheguei ao Benfica, não recebi a oportunidade que me tinham prometido de treinar com a equipa principal e de fazer a pré-época. Se não fosse suficientemente bom, entenderia, mas nem tive a hipótese de mostrar-me. Mandaram-me para a equipa B. Só treinava com eles. E, pior: não me deixavam jogar as partidas da equipa B. Não cumpriram a palavra. Foi um tempo muito difícil para mim.»

O médio prossegue: «Fiquei até janeiro. Eu pedia: 'Se estou na equipa B, deixem-me jogar, pode ser uma montra para mim'. Muitos jogadores do Benfica B foram vendidos por grandes somas. Mas eles diziam: 'Não, não jogas'. Depois, do nada, quando o mercado fechou, tive a hipótese de treinar com a equipa principal durante duas semanas. Treinei superbem, mas depois magoei-me num pé. Quando recuperei, esperava voltar à equipa A, mas proibiram-me novamente. Só porque tinha estado lesionado.»

O drama de Erdal Rakip também envolve dinheiro. «Sim, recebi tudo, exceto o último salário, quando decidi rescindir para voltar ao Malmo. Eles disseram-me: 'Ou voltas para aqui [e continuas sem jogar] ou abdicas de um mês de salário e vais-te embora'. Eu estava no Malmo a tratar de tudo e o Daniel Andersson [diretor do Malmo] disse-me: 'Sabes que não vais receber o teu último salário do Benfica?'. Eu perguntei a razão, liguei para lá e disseram-me: 'Tens duas opções: ou assinas este papel e abdicas do dinheiro, ou voltas para o Benfica'. Tive de sacrificar um mês de salário do contrato com o Benfica só para conseguir sair e voltar a jogar futebol. No ponto em que eu estava, aos 21 anos, precisava de jogar. Não tinha alegria nenhuma no Benfica, só treinava e não jogava», conta Rakip.

O jogador, que se encontra agora livre de contrato após três temporadas no Antalyaspor, da Turquia, entende, apesar de tudo, o interesse do clube em contratá-lo: «O Benfica é um clube gigante. Clubes como o Chelsea ou o Benfica contratam tudo o que podem. Eu fui a custo zero, eles só pagaram os direitos de formação. Para eles, não custei dinheiro nenhum. Viram um jogador de 21 anos que tinha feito uma boa época e decidiram apostar. Mas o facto de não me terem dado sequer a oportunidade... ainda hoje me sinto estranho com isso. É triste.»