As cinco vidas de um Sporting cheio de alma

A sabedoria popular garante que os gatos têm sete vidas. Esta é uma teoria ainda por comprovar mas no reino futebolístico nacional esta temporada há um conceito comprovado: este leão tem, pelo menos, cinco vidas.

De facto, fazendo uma análise ao ocorrido no sábado à noite em Ponta Delgada, aquele minuto 90+4 em que Hjulmand apontou o golo do triunfo, foi a quinta ocasião em 2025/26 em que os comandados de Rui Borges conseguiram reverter por completo um resultado, passando de uma derrota para uma vitória.

Esta história do Sporting começou a contar-se diante do Nacional, na jornada 3, em que os leões se viram a perder logo aos 3 minutos por força do golo de Leo Santos mas deram a volta para um expressivo 4-1. Na ronda 5 da Liga, frente ao Famalicão, mais uma cambalhota no marcador, mas desta vez de 0-1 para 2-1. Paços de Ferreira, em encontro da terceira eliminatória da Taça de Portugal, assistiu a mais uma reversão leonina no marcador, dessa vez de 0-1 para 3-2, embora a vitória dessa vez só tivesse chegado no prolongamento e através dum autogolo. Quatro dias depois (22 de outubro) mais uma viragem completa no rumo do placard, de 0-1 para 2-1, agora frente ao Marselha para a Champions.

O encontro frente ao Santa Clara foi mais um de reviravolta, com Rui Borges ao intervalo, segundo A BOLA apurou, a pedir à equipa, quando o resultado estava empatado a uma bola, espírito de grupo, coesão mas também paciência para que o golo pudesse chegar como, polémicas à parte, chegou, com o treinador, já no final, a elogiar o plantel pela crença demonstrada.

Mais um sinal da força anímica de um leão cheio de alma, com alguns dados estatísticos a aferirem esta sentença: para o campeonato, o Sporting continua a marcar mais nas segundas partes (67% — 18 dos 27 — dos golos foram apontados na segunda metade dos jogos) e o último quarto de hora é aquele em que o leão se revela mais profícuo (9 golos nos últimos 15 minutos).

O Sporting nem sempre rematou bem, é verdade, mas rematou imenso (21 vezes) e este é o terceiro encontro consecutivo para a Liga em que os leões alvejam por mais de 20 vezes a baliza adversária, depois de Tondela (3-0) e Alverca (2-0). O relvado do Estádio de São Miguel estava em mau estado, mas o este conjunto de Rui Borges continua a apostar forte no jogo associativo, batendo o seu recorde de passes (659) na Liga mas também de passes certos (582). O seu recorde de posse de bola (74 por cento), que havia sido registado com o Nacional, também foi igualado.