«Adeptos do Benfica vão adorar o Moussa»
Ao longo da prestação do Benfica no Mundial de Clubes, Bruno Lage salientou a necessidade de contratar um extremo-direito no mercado de verão. Anis Hadj Moussa, 23 anos, parece ser o alvo principal das águias para reforçar uma posição prioritária para o técnico encarnado, mas o negócio ainda esbarra na relutância do Feyenoord.
A qualidade evidenciada pelo extremo argelino em 2024/25 é comprovada pelos números... e pelo testemunho de Ivo Pinto, lateral português de 35 anos, com experiência de Liga portuguesa e neerlandesa. Apesar de terem partilhado relvado apenas por uma ocasião e em corredores opostos, o talento de Moussa ficou na retina do capitão do Fortuna Sittard: « É um jogador muito bom, já no Vitesse exibia-se mesmo contra equipas grandes, não se acanhava. Se tiver de ir 10 vezes no um contra um, vai.»
O único encontro entre os dois jogadores, disputado em Sittard, a 12 de abril, sorriu a Moussa, que não marcou, mas somou 73 minutos na vitória do Feyenoord, por 2-0. O duelo cimentou o perfil que Ivo Pinto traçou do extremo desde que este entrou no futebol holandês pela porta do Vitesse em fevereiro de 2024: «É muito técnico e ágil. Desequilibra e quebra a estrutura tática do adversário. Adora driblar, sai muito facilmente no um contra um, é vertiginoso. Tem quase uma arrogância no estilo de jogo. É bom e sabe que o é» vinca Ivo Pinto, sobre o extremo franco-argelino formado no Lens.
Caso se confirme a contratação de Moussa, o esquerdino chega à Luz para ocupar a vaga de Ángel Di María no lado direito do ataque das águias. Ainda assim, o lateral luso defende que seria «ingrato» comparar os dois jogadores, a viver fases completamente diferentes das respetivas carreiras.
«Não é justo dizer que vai ser o substituto de Di María, um jogador de classe mundial, que em dois segundos vira um jogo. Cria uma certa pressão e expetativa» defende Ivo Pinto, comparando Moussa à versão do extremo argentino que aterrou em Lisboa em 2007, com apenas 19 anos.
Ainda assim, o passado do extremo argelino alimenta as expetativas encarnadas. Em 2022/23, Moussa trocou o Lens, clube de formação, pelos belgas do Charleroi e na época de estreia como sénior marcou oito golos em 33 jogos. A meio da época seguinte, nova troca e novo impacto imediato: dois golos em 15 jogos ao serviço do Vitesse, depois de seis meses no Patro Eisden, na segunda divisão belga.
O Feyenoord, crónico candidato aos lugares cimeiros da liga neerlandesa, foi o passo seguinte e, como conta A BOLA Ivo Pinto, a bitola não baixou: Moussa rubricou 11 golos e três assistências e destacou-se na visão de jogo e mobilidade no ataque da turma de Roterdão.
Para o defesa de 35 anos, a adaptação a um novo país e a um novo patamar competitivo podem atrasar a afirmação do fantasista argelino de águia ao peito: «No Feyenoord teve uma adaptação boa, mas o Benfica é muito maior, tem jogadores de classe mundial.» Ainda assim, Ivo Pinto frisa a inevitabilidade de uma relação próxima entre Moussa e as bancadas do Estádio da Luz: «Caso vá, os adeptos [do Benfica] vão adorá-lo, é quase um jogador de rua.»
Milambo + Hadj Moussa = Magic 💫#feygro pic.twitter.com/narTvE6I1C
— Feyenoord Rotterdam (@Feyenoord) April 3, 2025
Boas referências não faltam ao «fora-de-série» argelino, mas o negócio está longe de estar fechado: as águias não desistem do alvo prioritário para reforçar a posição de extremo-direito, mas o Feyenoord apenas pensa em vender por valor impossível de recusar.
«Não me vejo a regressar a Portugal»
Roménia, Croácia, Inglaterra, Países Baixos. Assim tem sido a vida de Ivo Pinto nos últimos 13 anos. À exceção de duas épocas de regresso à Liga para representar Famalicão (2019/20) e Rio Ave (2019/20), o lateral-direito fez carreira no estrangeiro ao serviço de Cluj, Dínamo Zagreb, Norwich e Fortuna Sittard. Aos 35 anos, o capitão da equipa neerlandesa descarta regressar ao futebol português como jogador: «A cada ano, a probabilidade de regressar a Portugal acaba por estreitar. Ganhei o meu posto, não me vejo a sair daqui. Se continuar aqui terminarei a carreira numa idade já avançada.»
Ivo Pinto sente-se em casa em Sittard, cidade neerlandesa onde chegou em 2021: « O Norwich será sempre o clube em que eu mais gostei de jogar por uma conjugação de fatores, mas aqui [Fortuna] criei família, os meus filhos estão a crescer, têm cá os amigos.»
Desta forma, a renovação com o Fortuna está no topo das prioridades de Ivo Pinto, que pensa continuar a desafiar a idade no futebol neerlandês: «Acabar a carreira é um passo que está a chegar, mas se vier um novo contrato ficarei aqui.»
Após uma primeira época em que a margem para a zona vermelha da tabela foi de apenas um ponto (15.º lugar), as últimas três épocas (13.º, 10.º e 11.º) têm refletido um crescimento competitivo e até de estatuto em Sittard. «Tem sido uma experiência muito boa, depois de um primeiro ano tremido, o clube estabilizou, quase chegámos ao play-off europeu, este ano» afirmou Ivo Pinto, recordando que a turma amarela terminou a última temporada na 11.ª posição, a dois pontos da luta pelas competições europeias.
123 jogos depois ao serviço do Fortuna, a mentalidade é a mesma de quem há nove anos disputava a Premier League e há seis lutava por um lugar na UEFA Champions League: continuar a jogar e a desafiar barreiras. Portugal só é tema de conversa para preparar «o próximo passo», após o término de uma carreira abrilhantada pela conquista de seis títulos.