Abel Ferreira: «Vocês não me conhecem...»

Depois da vitória por 1-0 sobre o Botafogo, que deu a vice-liderança ao Palmeiras, Abel Ferreira voltou a abordar o seu futuro à frente do cube brasileiro. Mais concretamente, se o fim do processo que o Al Sadd lhe tinha movido por incumprimento o coloca mais perto de uma renovação, que está há muito prometida, pelo menos pela presidente Leila Pereira.

O acordo entre Al Sadd e Palmeiras envolve uma negociação da percentagem de direitos económicos do avançado Giovani, sem que o clube árabe aumente a percentagem que detém. Recorde-se que o emblema do Qatar alegou incumprimento de um pré-contrato para treinar a equipa em 2024.

Abel deu então explicações, que tinha escritas. «Já estava preparado [para essa pergunta]. No final de 2023, tive mais uma vez a possibilidade de sair. Em condições extraordinárias. Mas nesse fim de ano, depois de sermos campeões, olhei para a minha família, os mesmos que tinham dito para não vir, disseram, 'daqui não saímos'. Contra o Cruzeiro, no Mineirão, eu disse: ‘eu fico’. Essa imagem está em todo lado. Fiquei pelos meus jogadores, pelo staff, e pela nossa torcida. Fico porque sou um treinador de relações, de projeto. A maior prova de amor não é dizer todos os dias ‘eu amo-te', mas escolher ficar mesmo quando seria mais fácil ir embora, como outros treinadores fizeram na mesma situação que eu. Eu escolhi ficar, sou um treinador de projeto e de relações», referiu Abel, que agradeceu o apoio do clube para resolver o caso com o Al Sadd, quando tinha pensado fazê-lo ele mesmo.

Abel deixou mais um recado às críticas, declarações que continuou a ler: «Em relação ao meu contrato, se fico ou não fico esse ano, quem vai decidir é minha família. Mas não é momento para decidirmos o que quer que seja. O importante não foi nem nunca será o Abel. O mais importante será sempre o que for o melhor para o Palmeiras. Nenhum de vocês me conhece, nenhum. Nem vocês nem quem está a comentar, porque se quisessem realmente conhecer-me e saber quem é o Abel, iam perguntar as pessoas que trabalham comigo, não a jornalistas que não gostam do Palmeiras nem do Abel.»

O treinador manteve que o Abel que e vê em campo não reflete a sua verdadeira personalidade. «Pessoas que trabalham comigo, meus ex-presidentes, ex-jogadores, atuais presidentes. É com esses que vocês têm de falar. Vocês não me conhecem, nem eu quero que vocês me conheçam. Porque cada um constrói a narrativa que quer. Aqui, no joho, encarno a personagem que eu quero ser. Se me quisessem realmente conhecer, saberiam. Se fossem atentos... saberiam. Aliás está tudo escrito no meu livro. Ou será que vocês não gostam de ler? Foi uma forma de agradecer ao futebol brasileiro, não foi só para os palmeirenses», completou, referindo que as receitas do livro e publicidades que faz são sempre doadas.