Pressão verde e amarela
A Premier League começou, com três ou quatro candidatos ao título, La Liga também, com dois ou três, a Ligue 1 idem, mas com um favorito contra o resto, mais ou menos o que se passa na Bundesliga, que só se inicia na semana que vem, tal como a Serie A italiana, com uns três ou quatro clubes na corrida ao scudetto.
Na Liga portuguesa, com a licença do SC Braga, o trio de favoritos do costume com a pressão de sempre. O Sporting busca o tri e quer provar que a mudança de estatuto recente, como candidato crónico de verdade, é estrutural e não fruto da conjuntura Gyokeres. Para isso manteve o resto da espinha dorsal, contratou e vai contratar mais.
O Benfica, que lutou até ao fim pelos dois títulos anteriores, espera, fruto do forte investimento, que também ainda não acabou, e apenas uma saída relevante, a de Carreras, ter se fortalecido o suficiente para desta vez acabar em primeiro.
E o FC Porto, que em 2024/25 mostrou estar uns degraus baixo, juntou às joias Samu e Mora jogadores jovens e experientes de qualidade, além de um talentoso treinador.
Muita pressão, portanto, porque só um dos três, com a licença outra vez do SC Braga, chegará ao fim na frente. Em Inglaterra, Espanha, França, Alemanha e Itália e demais ligas europeias as quantidades de pressão são parecidas.
No Brasil, multiplica-se, explode, prolifera, fervilha, propaga-se. Porque todos os clubes, à exceção de talvez dois ou três, se sentem — e são-no mesmo — grandes. E, por isso, não sabem, não conseguem, não querem gerir a pressão.
Basta dizer que Palmeiras e Flamengo estão em (leve) crise apesar de viverem eras douradas das suas histórias, de estarem na luta pelo Brasileirão (o Fla lidera-o) e vivíssimos na Libertadores (o verdão já está com pé e meio nos quartos). Como ambos foram eliminados da Copa do Brasil, os paulistas pelo maior rival e os cariocas nos penáltis, as respetivas torcidas, mal habituadas, não engolem a derrota. Exigem vencer sempre — e de goleada.
E se palmeirenses e flamenguistas andam pressionados, o que dizer dos outros 10 gigantes nacionais, como o Vasco da Gama, em crise contínua desde o início do milénio, o São Paulo, que se habituou na década passada a ser o dono do país e das Américas, o Grêmio, a lutar para não cair, o Inter, que não ganha o Brasileirão desde Falcão…
Além dos grandes regionais, como o Sport, clube do coração de seis milhões, que ambicionava chegar às competições internacionais e amarga a última posição.
Esses clubes, do lanterna Sport ao líder Fla, vivem sob expectativas irreais. E isso gera uma panela de pressão, acesa por claques, dirigentes e imprensa, sempre pronta a transbordar. Se a pressão tivesse cores, seriam o verde e o amarelo.