Nuno Mendes atravessa um grande momento de forma, seja a defender ou a atacar
Nuno Mendes atravessa um grande momento de forma, seja a defender ou a atacar - Foto: Miguel Nunes

A estrela que guia e o ala que deveriam deixar voar (notas de Portugal)

Nuno Mendes continua num momento de forma intratável e nem teve dos melhores contextos para brilhar. Rúben Neves ficou em campo para cumprir uma espécie de destino. Preocupações à frente
Melhor em campo: NUNO MENDES (7)
Está em grande forma e, na verdade, pudemos vê-lo mais uma vez, sempre que encontrou algum espaço para acelerar. E quando acelera parece quase imparável. Foi prejudicado pelas decisões de Roberto Martínez, quando o selecionador deixou à sua frente Bernardo Silva, uma vez que o médio do Manchester City se sentiu tão desconfortável que foi atravessando o campo para o lado contrário com o decorrer dos minutos. Isso isolou o lateral, que ficava sem alguém com quem combinar para poder acrescentar largura mais perto da linha final. Inácio ainda se aproximou uma ou outra vez, mas com dois centrais, mesmo com Neves mais recuado, havia risco. Depois, tanto Neto como Leão, são jogadores de assumir, o que reduz as sobreposições do lateral. E, mesmo assim, com tantas condicionantes, foi o melhor. O que diz muito.

DIOGO COSTA (6) — Os irlandeses poucos ataques desenharam e mesmo as bolas paradas, em que poderiam ameaçar pelo ar, foram escassas. Aos 13 minutos, foi por pouco que não ligou uma defesa a uma bola magistral para Neto meter rara transição para o ataque.

DALOT (5) — Esteve atento a Ogbene (corte fantástico no início) e andou quase uma parte inteira sem tocar na bola no ataque. Martínez pedia-lhe que fosse também referência posicional na área para obrigar os britânicos a ter mais adversários com que se preocupar. Com Bernardo por perto no segundo tempo, já lhe foi pedida largura e uma ou outra sobreposição.

RÚBEN DIAS (6) — Não se se conseguiu impor nos esquemas táticos ofensivos nem quebrar linhas de pressão em transporte face à proximidade entre setores dos irlandeses, mas já na marcação teve poucos problemas para resolver.

INÁCIO (6) — Foi mais um, devido à qualidade do passe, a tentar ligar com o ataque, como aos 24', quando Ronaldo chegou um pouco atrasado, e lidou bem com Ebosele (apesar do amarelo perdoado aos 36'). Cabeceou para defesa de Kelleher no primeiro remate enquadrado, aos 41', e ficou nos vestiários ao intervalo.

RÚBEN NEVES (7) — Durante muito tempo pareceu redundante diante da presença constante de Vitinha na construção, mas Martínez manteve-o em campo, à espera, eventualmente, de um milagre impulsionado pelo omnipresente Diogo Jota, a quem homenageou mais uma vez com a camisola 21. E não é que aconteceu mesmo, já nos descontos, quando atacou o cruzamento combinado com Trinção desde a direita, legitimando a decisão do selecionador? Até aí, três tiros de longe (20, 42 e 60') e um corte importante aos 70'.

VITINHA (5) — Com o ataque posicional estático (e mais uma vez frágil), composto por jogadores pouco habituados a esses terrenos, como Dalot, Bernardo e até Bruno Fernandes, o timoneiro do PSG não conseguiu abrir espaços com o passe. Não sabe, contudo, jogar mal. Tentou também ele o remate, mas foi infeliz.

NETO (6) — Só os seus arranques conseguiram desequilibrar o 5x4x1 defensivo irlandês . Cruzou vezes a mais e driblou ou acelerou a menos, porém é das exibições mais positivas. Rendido por Leão, a equipa ressentiu-se.

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BRUNO FERNANDES (4) — Não está bem emocionalmente. E, pior do que isso, não se sente confortável neste posicionamento de segundo avançado, às vezes mesmo avançado centro. Uma exibição para esquecer. Talvez mesmo a mais preocupante.

BERNARDO SILVA (5) — À esquerda, não funcionou e, ainda antes de Martínez agir, já ele procurava outros espaços. Falhou a primeira grande oportunidade na recarga a Ronaldo aos 17' e foi lento a reagir aos 45', em posição ideal para atirar a contar. Melhorou na segunda parte, com o conforto da direita e depois do miolo, todavia, espera-se sempre mais.

CRISTIANO RONALDO (4) — Aos 40 anos, já é só finalização e quando essa não sai é difícil encontrar muitas ações positivas nas suas exibições. Fica a reação de classe mundial para o remate ao poste. E também o penálti falhado.

RENATO VEIGA (5) — Entrou com energia positiva, o que ajudou a empurrar a equipa para a frente.

NÉLSON SEMEDO (6) — Entrou para acrescentar largura e somou iniciativas positivas. Inteligente no gesto do cruzamento.

TRINCÃO (7) — Entrou aos 62' e somou duas ações decisivas: criou um penálti (duvidoso) numa tentativa de remate e cruzou para o golo já na compensação.

RAFAEL LEÃO (4) — Fazer entrar o extremo para enfrentar um bloco baixo faz pouco sentido.

GONÇALO RAMOS (5) — Cinco minutos? Ainda deu para fixar defesas no golo. Com Ronaldo a sair tanto da área, não faria sentido até de início? Fica a questão.