De arrepiar. Assim foi o discurso de despedida de Ruben Amorim do Sporting na noite de 10 de novembro de 2024, no balneário em Braga após a vitória leonina com reviravolta de 0-2 para 4-2. E foi também de ir às lágrimas, treinador, jogadores, staff… todos choraram. É o que se vê no documentário 'The winner takes it all', que os verdes e brancos lançaram esta quinta-feira. Aqui fica excerto com a despedida emotiva e emocionante de Amorim antes de rumar ao Manchester United

1712 dias de glória de Ruben Amorim no Sporting terminaram há um ano

Treinador despediu-se com vitória em Braga e no balneário chorou e... fez chorar. O adeus aos verdes e brancos rumo ao Manchester United revisitado um ano depois

Faz esta segunda-feira um ano que Ruben Amorim orientou o Sporting pela última vez num jogo antes de rumar ao Manchester United. Faz esta segunda-feira um ano que o Sporting de Ruben Amorim ganhou ao SC Braga por 4-2, de reviravolta de 0-2 com golos de Morita, Morten Hjulmand e Conrad Harder, que bisou. Faz esta segunda-feira um ano que o treinador se despediu em glória dos leões e com um discurso que o levou, e levou jogadores e staff, às lágrimas em pleno balneário da Pedreira. De lá para cá os verdes e brancos ganharam muito mais (outro campeonato e Taça de Portugal) do que o técnico, que não tem vivido dias fáceis em Old Trafford. Mas faz hoje um ano que terminou uma das mais gloriosas passagens de um treinador por Alvalade.

Cinco de março de 2020 a 10 de novembro de 2024: 1712 dias que mudaram o Sporting. Os leões venceram, neste período, dois Campeonatos Nacionais, duas Taças da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira. Fruto de 231 jogos, 164 vitórias, 34 empates, 33 derrotas, 510 golos marcados e 199 sofridos, sim, mas fruto, sobretudo, da aposta do presidente Frederico Varandas e do diretor desportivo Hugo Viana em Amorim.

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Se quiséssemos reduzir estes 1712 dias aos verdadeiramente essenciais, reduzíamos tudo a cinco: 23 de janeiro de 2021(1-0 na final da Taça da Liga frente ao SC Braga), 11 de maio de 2021 (1-0 ao Boavista e consequente triunfo na Liga), 31 de julho de 2021 (2-1 ao SC Braga na Supertaça Cândido de Oliveira), 29 de janeiro de 2022 (2-1 ao Benfica na Taça da Liga) e, por fim, 5 de maio de 2024 (Benfica perde em Famalicão e Sporting assegura, no sofá, mais uma Liga). Amorim eterno em Alvalade.

Os 87 jogadores

Falámos, até aqui, em três nomes essenciais para este período fulgurante do Sporting: Varandas, Viana e Amorim. Falta acrescentar, pelo menos, mais 87. Os jogadores. Pode haver um grande presidente, um grande diretor-desportivo e um grande treinador, mas, se não houver grandes jogadores, nada feito. Ninguém conhece um campeão sem grandes jogadores. Foi o caso do Sporting nestes 1712 dias.

Frederico Varandas e Rúben Amorim no dia da apresentação- Foto: A BOLA

Quem participou em mais jogos? Fácil. Nuno Santos. Esteve em 196 destes 231. Ou seja, participou em nada menos de 85 por cento deles. Quem jogou mais minutos (sim, é diferente)? Fácil, de novo: Sebastían Coates. Esteve em 15128 dos 20820 minutos realizados nestes 231 jogos. Ou seja, o uruguaio esteve em 72,6 por cento dos minutos. Quem foi o melhor marcador? Fácil, mas não óbvio. Pedro Gonçalves. Marcou 81 dos 510 golos do Sporting de Amorim. A seguir, sim, é fácil. Viktor Gyokeres com 66.

Ruben Amorim, Frederico Varandas e Hugo Viana, trio entretanto desfeito - Foto: A BOLA

Mais de metade dos golos foram apontados por cinco homens: Pedro Gonçalves, Gyokeres, Paulinho, Nuno Santos e Francisco Trincão. Houve ainda 17 autogolos: Abascal (Boavista), Áfrico (Farense), Agra (Boavista), Álvaro (Estoril), Amenda (Young Boys), Andrew (Gil Vicente), Bah (Benfica), Boateng (Farense), Cunha (Gil Vicente), Gartenmann (Midtjylland), Ivanildo Fernandes (Vizela), Karo (Marítimo), Marafona (P. Ferreira), Mateus Costa (Marítimo), Miguel Silva (Marítimo), Tiba (Gil Vicente) e Villanueva (Santa Clara).

Por entre estes 87 jogadores houve grandes contratações (Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Matheus Reis, Paulinho, Trincão, Porro, Edwards, Morita, Gyokeres e Ugarte, entre os mais utilizados) e algumas que não trouxeram os rendimentos esperados (Koindredi, Tanlongo, Sotiris, Gonçalo Esteves, Rochinha, Bellerín, Slimani, João Virgínia, Rúben Vinagre e Arthur Gomes, acima de todos).

Rúben Amorim com o troféu de campeão - Foto: LUSA/RODRIGO ANTUNES

Nenhum jogador esteve nas seis épocas de Ruben Amorim. Coates e Neto estiveram na primeira, mas falharam 2024/2025; Eduardo Quaresma esteve na primeira e na última, mas esteve fora nas de 2021/2022 e 2022/2023; Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Gonçalo Inácio e Matheus Reis só não estiveram em 2019/2020. Daniel Bragança só não acompanhou este quarteto porque falhou 2022/2023, por se ter lesionado logo a abrir a época.

Duas curiosidades. Pedro Gonçalves foi quem teve uma época com mais jogos (51 em 2022/2023), Viktor Gyokeres quem teve uma época com mais golos (43 em 2023/2024).

E depois do adeus

Amorim foi-se embora há um ano, o Manchester United pagou os 10 milhões de euros da cláusula de rescisão do treinador mais 1 milhão para os adjuntos acompanharem o técnico. Mas não tem sido fácil a vida em Inglaterra.

Ruben Amorim já no Manchester United, aqui com Bruno Fernandes

Na temporada passada, fim de Premier League na 15.ª posição, derrota na final da Liga Europa com o Tottenham. Esta época seguem os red devils no 7.º lugar numa altura em que ganham algum fôlego mas numa temporada já marcada pela eliminação da Taça da Liga pelo Grimsby Town, da 4.ª divisão.

São agora 54 jogos pelo United, já mais vitórias (22) do que derrotas (21) e 11 empates. Sem títulos. Já o Sporting, depois de Amorim sair, teve dificuldades em encontrar o sucessor: João Pereira não resultou mas Rui Borges chegou ainda a tempo, a 26 de dezembro de 2024, de levar os verdes e brancos ao bicampeonato e à conquista da dobradinha.