Frederico Varandas e Rui Costa separados por Pedro Proença, presidente da FPF (Miguel Nunes)
Frederico Varandas e Rui Costa separados por Pedro Proença, presidente da FPF (Miguel Nunes)

10 figuras que marcaram o futebol português em 2025

Eis os protagonistas, apresentados por ordem alfabética, do ano futebolístico português de 2025. Da glória (quase) suprema de Vitinha, à tragédia de Diogo Jota e André Silva, passando pelo regresso de Mourinho, 21 anos volvidos, pela mudança de titular na presidência da FPF, pelo feito que liga Frederico Varandas à história leonina, e pelos mais de 91 mil votantes nas eleições do Benfica...

DIOGO JOTA/ANDRÉ SILVA – O dia 3 de julho ficou marcado a negro na nossa memória coletiva. A morte, numa estrada de Espanha, dos irmãos Diogo Jota e André Silva, jogadores de Liverpool e Penafiel, constituiu um choque tremendo, que transcendeu a ‘Tribo do Futebol’, saltou fronteiras, e inundou de flores e lágrimas Anfield Road. Diogo, com a visibilidade planetária de quem havia acabado de sagrar-se campeão inglês e vencedor da Liga das Nações, gerou uma onda solidária à escala global, como poucas vezes se viu; André não teve tempo para cumprir um destino que deveria levá-lo rapidamente à I Liga. Uma tragédia que tingiu de luto 2025.  

FRANCESCO FARIOLI – Para o treinador italiano, depois de uma temporada doce com um final muito amargo, no Ajax, a chegada ao FC Porto foi uma espécie de ‘veni, vidi, vici’: os dragões lideram a I Liga com algum conforto, continuam na Taça de Portugal e estão lançados para permanecerem na Liga Europa. Farioli, sem dotar os azuis-e-brancos de um futebol de encantar, tem feito do pragmatismo e da organização as suas principais armas, em contraste absoluto com a passagem pelo Dragão do seu antecessor, o ‘descafeinado’ Martin Anselmi. Villas-Boas, depois da saída prematura de Vítor Bruno e do ‘flop’ que veio da Argentina, acertou em Farioli. 

FREDERICO VARANDAS - O bicampeonato conquistado em 2024/25 deixou Frederico Varandas em boa posição para igualar o seu antecessor António Ribeiro Ferreira, presidente do Sporting nos primeiros três títulos do tetra, entre 1950 e 1953. O atual líder leonino, que esteve no Marquês e levantou a Taça de Portugal no Jamor, só pode ter recordações gratas do ano que está prestes a findar. Por todas as razões - financeiras e sociais, por exemplo – e mais uma, ainda: depois de ter dado um passo em falso com João Pereira no momento da (ingrata) substituição de Ruben Amorim, apostou em Rui Borges e este, com um estilo muito próprio, reformatou o Sporting e continuou na senda dos êxitos em 2025.  

JOSÉ MOURINHO – O ‘Special One’, depois de 21 anos no estrangeiro (nesse período, além de ter conquistado o prémio da FIFA de Melhor Treinador do Mundo, ainda foi, entre outros títulos, três vezes campeão em Inglaterra, duas em Itália e uma em Espanha e levantou a Champions, a Liga Europa e a Liga Conferência), resolveu regressar a Portugal onde encontrou aberta a mesma porta por onde tinha entrado, em 2000, no mundo dos treinadores principais: a Luz. José Mourinho no Benfica foi um dos destaques de 2025, deu visibilidade externa à Liga portuguesa, e, paulatinamente, tem feito da equipa encarnada uma estrutura mais sólida e fiável. 

PEDRO PROENÇA - Depois de Fernando Gomes ter atingido o limite de três mandatos na Presidência da FPF, o campo eleitoral na Cidade do Futebol abriu-se, e mostrou-se propício a Pedro Proença, que venceu, com clareza, nas urnas, Nuno Lobo. Abriu-se assim um novo ciclo no futebol nacional, sendo já na liderança de Pedro Proença que Portugal venceu a Liga das Nações, o Mundial de sub-17, e foi finalista vencido no Mundial feminino de Futsal. Numa altura extremamente sensível para o futebol profissional, temas como a centralização dos direitos televisivos ou a requalificação dos quadros competitivos passarão muito pela magistratura de influência do ex-presidente da Liga Portugal. 

ROBERTO MARTINEZ - O treinador nascido em Balaguer, no País Basco, tornou-se no oitavo técnico a qualificar Portugal para um Campeonato do Mundo (e o primeiro a não ter o português como língua materna), sucedendo a Otto Glória (1966), José Torres (1986), António Oliveira (2002), Luíz Felipe Scolari (2006), Carlos Queiroz (2010), Paulo Bento (2014) e Fernando Santos (2018 e 2022). À frente de uma geração fabulosa, Martinez sabe que a fasquia da exigência se encontra bem alta, ao nível do que deve esperar-se do atual titular da Liga das Nações, primeiro título continental ganho pelo atual selecionador nacional, uma dúzia de anos depois de ter conquistado a Taça de Inglaterra à frente do modesto Wigan. 

RUI BORGES - No meio da vertigem noticiosa, normalmente apaixonada e pouco reflexiva, provavelmente não foi suficientemente enfatizado o que o ano civil de 2025 representou para Rui Borges, treinador que chegou a Alvalade no culminar de um processo de ascensão profissional, que o levou de Mirandela a Guimarães, entre 2017 e 2024. Pegar no campeão nacional que ainda sofria com o adeus de Ruben Amorim, e o ato falhado que foi a sua substituição por João Pereira, e conseguir terminar a época a celebrar a ‘dobradinha’, foi uma proeza de monta que fez engolir as palavras a quem profetizou que o ‘Princípio de Peter’ ia fazer prevalecer a sua lei. Mantendo-se genuíno no estilo, Rui Borges afirmou-se como treinador de primeiro plano, passou a ostentar títulos no currículo, e deve ser, muito justamente, um dos destaques de 2025. 

RUI COSTA – Num ano civil em que viu o Benfica ‘apenas’ conquistar a Taça da Liga e a Supertaça Cândido de Oliveira, Rui Costa teve a maior vitória nas urnas, quando mais de 91 mil sócios do emblema da águia votaram o seu nome, por larga maioria, na segunda volta das eleições presidenciais. O facto de ter apresentado um projeto ‘especial’ (a que já está a dar seguimento – o Benfica District) e também a contratação ‘especial’ de José Mourinho, atalhando uma fase crítica em que a contestação interna podia escalar, jogaram a seu favor, e revelaram um golpe de asa que muitos se recusavam ver no seu ‘portfolio’. 

RUI PATRÍCIO – Em 2025, despediu-se do futebol o guarda-redes mais vezes internacional AA por Portugal (108 aparições), e também o mais titulado, graças à conquista do Europeu de 2016 e da Liga das Nações de 2019. Pouco dado a incursões mediáticas, não deve ser isso a limitar o reconhecimento que lhe é devido no contexto do nosso futebol. Em Leiria, junto ao estádio Magalhães Pessoa, uma estátua que representa o momento em que impediu Antoine Griezzmann de marcar na final de 10 de julho de 2016, eterniza-o. Mas talvez seja bom lembrar que a carreira de Patrício não se esgotou nesse dia. Ainda fez mais 414 jogos oficiais (Portugal, Sporting, Wolverhampton, Roma, Atalanta e Al Ain), e além da Liga das Nações de 2019, ainda levantou a Taça da Liga Conferência de 20121/22, com a Roma de Mourinho. Fica o registo do adeus de um ‘grande’. 

VIKTOR GYOKERES – O facto de não ter saído da forma mais elegante do Sporting, e a circunstância de ainda não ter atingido o seu melhor nível ao serviço do Arsenal, não podem desfocar o que fez, na primeira metade de 2025, de leão ao peito. Gyokeres foi a peça mais importante nas conquistas do bicampeonato e da dobradinha, ganhando, pelo que fez dentro das quatro linhas, direito a ter o nome ao lado dos de Fernando Peyroteo, Hector Yazalde e Mário Jardel, na galeria de ‘goleadores excelentíssimos’ verdes-e-brancos.