Miguel Frasquilho e Diogo Luís comentam operação financeira do Sporting
Miguel Frasquilho e Diogo Luís

Miguel Frasquilho e Diogo Luís comentam operação financeira do Sporting

NACIONAL28.12.202320:00

Leões são agora donos de 88% da SAD e abrem a porta a um investidor minoritário

O Sporting anunciou esta quarta-feira que é agora dono de 88% da SAD, abatendo a dívida para com o Novo Banco e abrindo a porta a um investidor minoritário.

A BOLA foi saber da opinião de Miguel Frasquilho, economista e antigo dirigente, e Diogo Luís, habitual cronista do nosso jornal.

Miguel Frasquilho: «Exige-se transparência total»

Esta operação é uma boa notícia para o Sporting? «Teoricamente sim. A ideia é converter as VMOC compradas (com grande desconto) e convertê-las em ações, ficando assim com 88% do capital da SAD. Mas há muita informação que permanece desconhecida – o que é mau. Além da antecipação das receitas da NOS em 50 milhões, por que razão é necessário um financiamento adicional? Pois se esta operação tem um valor anunciado de EUR 24,7 milhões (EUR 15,4 mais EUR 9,3 devidos ao BCP devido ao acordo assinado em 2022) ... então mas os resultados não têm apregoadamente sido tão bons? Será que há dificuldades de tesouraria que levaram a mais este empréstimo – que aumenta o endividamento? E a que juro vem este financiamento? São tudo questões muito relevantes para se perceber se esta operação é, de facto, mais positiva, ou menos positiva. E que todos os sócios têm o direito de conhecer! Portanto, convém prestar esclarecimentos adicionais. Exige-se transparência total – que está longe de estar presente em tudo o que já se sabe.»

O Sporting faz bem em abrir a porta a um investidor minoritário? «Em meu entender, sim. De preferência um investidor, que poderá ser estrangeiro, e que tenha reconhecida capacidade de investimento, seja um player relevante e constitua uma verdadeira mais-valia, por exemplo, com know how de rentabilização de gestão e de receitas. Mas para isto é preciso esclarecer, primeiro, as questões que atrás levantei. E, claro, os sócios têm que ser ouvidos sobre esta entrada de um investidor no capital da SAD!»

Que papel deve ter esse investidor? «Havendo consentimento dos associados para esta decisão (e eu, em teoria, olhando até para a realidade internacional e mesmo de alguns clubes em Portugal, concordo com ela), deve ter um papel ativo, ter capacidade de investimento, de gestão e de rentabilização da marca Sporting em termos de receitas, ajudando a pensar estrategicamente o caminho que deve ser traçado.»

Diogo Luís: «Muito importante para o equilíbrio»

Esta operação é uma boa notícia para o Sporting? «Sem dúvida. O Sporting ficou com 88% do capital social e comprou-o a um preço muito inferior daquilo que estava contabilizado. Ficou também com a capacidade de escolher um parceiro estratégico para encarar o futuro com outros olhos. Claro que antecipou receitas, mas no limite está a conseguir equilibrar e reorganizar a vertente financeira, que é um fator muito importante para o equilibrio da Sporting SAD. Em simultâneo está a conseguir obter resultados desportivos.»

O Sporting faz bem em abrir a porta a um investidor minoritário? «Sem dúvida, mas têm de escolher bem um parceiro, que se enquadre nos valores do clube, que queira crescer com o Sporting, que possa ajudar a alavancar a vertente desportiva e comercial, à marca Sporting. Se encontrar um parceiro com estas característcas, ganham todos. Claro que o parceiro vai querer rentabilizar o seu investimento. Quanto mais forte financeiramente for o Sporting, desportivamente também terá outra capacidade para ir ao mercado.»

Que papel deve ter esse investidor? «Acho que tem de ser alguém que também tenha uma visão importante do conceito futebol e que possa proporcionar uma experiência diferente a todos os adeptos do Sporting. As pessoas irão consumir mais e o nome do Sporting também andará pelos quatro cantos do mundo. Se esse parceiro conseguir que o Sporting entre noutros mercados será fantástico.»

Diogo Luís aproveitou ainda para deixar um recado a quem crítica o abate da dívida pelos leões: «O Sporting fez o seu trabalho, quem aceitou reduzir a dívida foram as insituições financeiras. Se os adeptos se quiserem virar contra alguém, é as instituições financeiras. Neste caso, o Novo Banco, que é um banco intervencionado, e o BCP.»