Di María afasta cada vez mais a hipótese de voltar à Argentina
Di María, 36 anos, termina contrato com o Benfica no final da época (Foto: GRAFISLAB)

Di María afasta cada vez mais a hipótese de voltar à Argentina

NACIONAL01.04.202407:30

Esquerdino já transmitiu a familiares e amigos que o regresso ao país e ao Rosario Central não deve acontecer; ameaças à segurança da família fizeram-no recuar; renovar pelo Benfica volta a estar em cima da mesa

Ángel Di María está cada vez mais inclinado a cancelar o regresso à Argentina e ao Rosario Central. O quadro que até há algumas semanas parecia pintado sofreu um grande borrão nas últimas semanas após as ameaças à família do jogador levadas a cabo por grupos locais ligados ao narcotráfico.

Ao que A BOLA apurou, os sinais transmitidos recentemente pelo futebolista a familiares e amigos que vivem na maior cidade da província de Santa Fé foram no sentido de não querer correr quaisquer riscos, mesmo que isso implique destruir o sonho tantas vezes assumido pelo próprio: terminar a carreira no clube onde se formou e iniciou a carreira de sénior antes de se transferir para o Benfica, em 2007.

Tal como muitos jogadores argentinos, Di María é muito sensível ao tema e não prescinde da companhia de seguranças sempre que regressa ao seu país. Isso verificou-se, por exemplo, no casamento da irmã, no final de dezembro, onde o contingente na cerimónia era considerável e cujos elementos estavam sempre muito próximos do campeão do mundo.

Segundo foi possível saber, a gota de água terá sido a mensagem diretamente dirigida à sua filha: «Se voltares, a próxima [bala] que receberes é para a tua filha Pia. Não venhas, caso contrário não atiramos papelinhos, damos tiros para matar.»

Cidade mais violenta do país

De acordo com as autoridades locais, o grupo responsável pelas ameaças à família do jogador do Benfica já foi desmantelado. Chama-se Los Monos, está ligado a uma rede de tráfico de droga e a suposta mentora das mensagens hostis, Tamara León, está detida.

Tal como afirmou o procurador Pablo Socca, estes grupos não estão ligados às claques de futebol (nomeadamente as claques do rival Newell’s Old Boys), antes a grupos que estão a aumentar a violência naquela província para impor a sua lei, à semelhança do que acontece noutras regiões do continente.

Segundo as forças de segurança, estas mensagens servem para aumentar o sentimento geral de medo. Os sogros de Messi, naturais da mesma cidade, viram a sua rede local de supermercados sofrer atos recentes de vandalismo, acompanhados da mensagem: «Messi, estamos à tua espera.»

Entre 5 e 11 de março foram cometidos quatro assassinatos alegadamente levados a cabo por sicários a mando destes grupos e o poder local e central não teve outra opção senão aplicar o estado de sítio com o consequente recolher obrigatório.

Rosário é considerada a cidade mais violenta da Argentina, com uma taxa de 22 mortes por 100.000 habitantes, a maior parte resultado de ajustes de contas entre bandos rivais ligados ao tráfico de droga.

EUA, Arábia ou... Luz

O Rosario Central tem feito tudo para convencer Di María a regressar. O facto de não ter ter inscrito qualquer jogador com a camisola 11 na fase de grupos da Taça Libertadores é mais um indício de que está à espera de El Fideo, além de outras medidas estruturais que os dirigentes do clube acreditam serem fortes argumentos, nomeadamente o investimento no plantel e as obras de melhoria no estádio Gigante de Arroyito, cuja última remodelação ocorreu no Mundial-1978.

Mas a segurança é um valor de que Di María não prescinde e de repente abrem-se novos horizontes para a próxima época: Estados Unidos (recusou, recorde-se, o convite para se juntar a Messi no Inter de Miami), Arábia Saudita (também teve propostas) ou mesmo renovar pelo Benfica, cujo contrato termina em junho, respondendo ao desejo manifestado por Rui Costa logo em setembro, após o fecho do último mercado de verão. Até porque o amigo Otamendi também deverá continuar.

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