«Aniversário do ‘Rei’ não teve banquete», a crónica do FC Porto-Chaves
Foi João Mário que tirou do bolso a chave para abrir as portas de 2024 com o último triunfo de 2023 (Foto Grafislab)

«Aniversário do ‘Rei’ não teve banquete», a crónica do FC Porto-Chaves

NACIONAL30.12.202300:14

Cumpriu-se tradição de fechar o ano com triunfo; mas foi despedida sem encanto; poste e Diogo Costa evitaram ‘réveillon’ com má cara

Anos civis sem o título nacional nunca deixam grandes saudades na nação portista e este não será exceção. Mas mais que tudo, o que importava mesmo, ontem, era vencer um Chaves vergado pelo peso da lanterna vermelha, para mais sabendo de antemão da vitória do Benfica, e ficar à espera de 2024 mais rico em títulos, vitórias, e, sobretudo, boas exibições, a verdadeira tríade do sucesso. 

É este último campo, precisamente, que mais dúvidas suscita nas bancadas do Dragão desde o início da época e o jogo com os flavienses foi apenas o exemplo mais recente a ilustrar as interrogações sobre as reais capacidades desta versão 2023/24, já por muitos considerada uma das menos palpitantes dos últimos anos, mas, ainda assim, e com exceção da Taça da Liga, capaz de manter o FC Porto bem vivo em todas as frentes ao virar do ano. 

‘Nuances’ sem resultado

Após a derrota em Alvalade, o onze pós-clássico sofreria sempre alterações pelo castigo de Pepe, que foi rendido por Fábio Cardoso na dupla com Zé Pedro (testada com o Leixões no adeus à Taça da Liga e em estreia na Liga), mas Conceição promoveu mais três mexidas: trocou Zaidu por Wendell na lateral esquerda, Galeno por André Franco (com troca de flanco com Pepê), e ainda Evanilson por… Toni Martínez. 

Que teria sido a grande surpresa no onze não fosse a notícia que horas antes do jogo deu conta da saída de Fran Navarro para o Olympiakos de Carlos Carvalhal, juntando-se esta ao adeus de Taremi, que vai juntar-se ao Irão para rumar ao CAN-2024, ausentando-se por cerca de um mês - o avançado espanhol não era titular desde o jogo com o Arouca (a 3 de setembro!) e está (ou estava?) decidido a mudar de ares em janeiro . 

Dominar sem controlar

Com a bola a rolar, o FC Porto cedo se instalou no meio campo dos flavienses, mas sentiu dificuldades para manobrar o jogo por entre o bloco baixo da equipa de Moreno, e nem sempre teve a paciência necessária para o tentar ultrapassar. 

O que resultou numa primeira parte de pobreza franciscana na qualidade de jogo e oportunidades (não) criadas, apenas com Eustáquio (31’) e Pepê (45’) a conseguirem cheirar o golo, sobretudo o último, que já se aprestava para comemorar quando João Correia tirou a bola em cima da linha, evitando o 1-0 antes do descanso. 

Com muito menos bola, o Chaves criou praticamente tanto perigo como os dragões até ao intervalo e provocou calafrio aos 40’, depois de desvio de Héctor a cruzamento de Kelechi à boca da baliza de Diogo Costa. 

Com tão pouco futebol nos primeiros 45’, era inevitável a interrogação: porque ficaram Galeno e Evanilson fora do onze? - ainda que Conceição na véspera tivesse anunciado «nuances» na equipa, que, afinal, não produziram efeitos. Pelo menos os desejados. 

Os dragões voltaram para a 2.ª parte sem alterações, mas com muitas indicações trazidas do balneário. Conceição, todavia, só deu mais dez minutos de tolerância e depois do enésimo passe falhado foi o próprio a chamar Galeno, Evanilson e Francisco Conceição para irem a jogo. Mas o 1-0 chegou ainda antes das alterações, com João Mário a mostrar toda a classe aos 58’, recebendo bola de Pepê já no interior da área para fazer receção orientada com o pé direito, trocando logo a bola para o esquerdo para remate rasteiro arqueado e colocado ao segundo poste, fora do alcance de Rodrigo. Fazia-se justiça no jogo. 

Duas motas e um bombardeiro

As substituições vieram logo a seguir e Conceição, pouco depois da hora de jogo, lançou duas motas (Galeno e Francisco Conceição) e um bombardeiro (Evanilson), para as saídas de Varela, Taremi e Toni Martínez. Moreno respondeu com duas alterações, quis promover reação imediata à desvantagem, mas as mexidas dos portistas neutralizaram a mesma, produzindo, tal como estava nos planos de Conceição, ataques mais rápidos e perigosos no último terço dos flavienses, que, mesmo procurando subir o bloco, recuperando bolas mais longe da sua área, não conseguiam criar perigo. 

Com exceção do minuto 81’, altura em que Benny quase gelou o Dragão com um cabeceamento devolvido pelo poste.Se 2-0 pode ser um resultado perigoso, 1-0 ainda mais e era, afinal, segurança o que estava a faltar ao FC Porto, o que se constatou quando Jô Batista, aos 90+2’, convocou todas as qualidades de Diogo Costa, que evitou o 1-1 com grande defesa, e um réveillon com má cara... 

Para Conceição, claro, será dada sempre primazia à ditadura dos resultados e importará sempre vencer mesmo não jogando bem. Mas é a jogar bem que se fica mais perto de triunfar. 

Em semana de comemoração do 86.º aniversário de Pinto da Costa, o «Rei», como é apelidado nas bancadas do Dragão, pedia-se um banquete comemorativo, mas, afinal, só deu para uma buchazinha. Mas antes isso que ficar de estômago vazio...