A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Benfica-Estoril: erro grosseiro na Luz

A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Benfica-Estoril: erro grosseiro na Luz

NACIONAL10.03.202423:29

Manuel Oliveira esteve no Benfica-Estoril e protagonizou um dos erros mais indesculpáveis desta edição da Liga

Manuel Oliveira, árbitro da AF Porto, deslocou-se até Lisboa para dirigir o Benfica-Estoril, que se jogou no Estádio da Luz.

Na Cidade do Futebol (em Oeiras) a desempenhar a função de vídeo árbitro, esteve o bracarense Luís Ferreira.

O jogo ficou marcado por um momento importante para o futebol - a explicação via áudio, em direto para as bancadas e para todos os que assistiram via transmissão televisiva - de uma decisão tomada após intervenção do VAR. Lamentavelmente essa coincidiu com um dos maiores equívocos que já vimos acontecer esta época. Mas já lá vamos.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do jogo:

19' Golo legal de Kokçu, após assistência de David Neres, a inaugurar o marcador na Luz. Tudo certo.

19' Remate com alguma violência de Kokçu desviou no braço esquerdo de Wagner Pina, que estava em posição defensiva natural e não fez qualquer gesto ou movimento imprudente ou deliberado para intercetar a bola. Foi bem analisado o lance na área da equipa canarinha.

22' Golo bem validado a Rodrigo Gomes, com a particularidade de, no momento do remate, ter "encontrado" Cassiano dentro da baliza encarnada: o avançado brasileiro estava atrás de Trubin e fora do terreno de jogo (não por conduta antidesportiva, mas por ação da jogada), não perturbando o guarda-redes ucraniano nem interferindo com o jogo.

36' Partida momentanemente interrompida na Luz por interferência de artefactos pirotécnicos/fumos vermelhos da responsabilidade de alguns adeptos presentes nas bancadas. O futebol, os adeptos e os agentes desportivos esperam enquanto a pequena criminalidade vai acontecendo aqui e ali.

45+2' Quando David Neres cruzou para a área adversária, Tiago Gouveia (que fez a assistência para Marcos Leonardo finalizar) estava em posição legal. Esteve bem o árbitro assistente ao validar o lance.

49' Golo legal do Benfica, marcado por Tiago Gouveia, que antes não cometeu qualquer falta sobre Mateus Fernandes. O avançado encarnado ganhou a posse de bola com contacto legal. Lance bem analisado pela equipa de arbitragem.

53' Rodrigo Gomes derrubou Bah após entrada imprudente. A infração (não assinalada) aconteceu mesmo à frente do árbitro assistente. A excessiva proximidade à ação fecha o ângulo de visão de quem tem que analisar lances, impedindo a melhor decisão. Foi o que terá acontecido ali, seguramente. 

56' Bah derrubou ostensivamente Rodrigo Gomes (pareceu vendetta), impedindo que o adversário pudesse continuar saída prometedora pela esquerda. A infração, que não foi punida, devia ter valido cartão amarelo para o dinamarquês.

65' Manuel Oliveira protagonizou aqui um dos erros mais indesculpáveis desta edição da Liga Portugal. O árbitro portuense, depois de (muito) bem alertado pelo seu vídeo árbitro, só tinha uma alternativa perante a evidência das imagens que lhe foram facultadas: assinalar pontapé de penálti favorável ao Benfica e, no mínimo, exibir o cartão amarelo a Mangala pela entrada notoriamente negligente sobre Marcos Leonardo.

A abordagem do central francês, dentro da sua área - em carrinho com alguma velocidade, de perna bem esticada e sola da bota/pitons à frente - foi duplamente irregular: primeiro porque atingiu o pé/tornozelo esquerdo do avançado brasileiro em infração clara e depois, porque na sequência e com o pé de trás, voltou a ter contacto físico faltoso, derrubando-o quando deslizou no relvado.

Há decisões que são difíceis de entender e que involuntariamente acabam por beliscar a imagem da própria arbitragem.

Provavelmente Manuel Oliveira terá interpretado que foi o movimento do pé do avançado, ao rematar, que promoveu o contacto com o central do Estoril. Esse ou qual outro raciocínio que terá efetuado foi francamente incorreto, com a agravante de ter acontecido após o visionamento claro e pausado de imagens absolutamente indiscutíveis.

É precisamente para evitar erros deste calibre que a vídeo arbitragem foi introduzida. Quando não evita, deixa de ter defesa possível. 

NOTA: 3