‘Tempestade Kaique’ impediu o Tondela de voar tranquilo (crónica)
Que jogo na Choupana! O Tondela teve tudo para ser feliz e levantar voo da Madeira com tranquilidade, mas não contou com a Tempestade Kaique, que o impediu de regressar com um sorriso nos lábios. Houve muita agitação e instabilidade emocional e até o nevoeiro ameaçou fazer das suas.
O nulo ao intervalo não foi sinónimo de falta de emoções nesse período. Bem pelo contrário! Esteve bem quentinha a Choupana, principalmente para o lado do Nacional, que aos 20 minutos ficou reduzido a 10 jogadores por expulsão de Deivison – aposta de Tiago Margarido para o lado direito da defesa – e com o Tondela a desperdiçar uma grande penalidade. Nos dois casos, em decisões revertidas pelo árbitro Ricardo Baixinho, depois de rever as imagens alertado pelo VAR Tiago Martins.
Deivison foi imprudente sobre Yaya Sithole e deixou o Nacional em inferioridade numérica, aumentando ainda mais o grau de dificuldade que os madeirenses estavam a sentir em ligar o seu jogo e em ter bola para importunar o bloco baixo do Tondela, que convidava o adversário a ter a iniciativa, para depois explorar a profundidade com transições rápidas. E até esse momento, o jogo estava atado, sem situações complicadas para os guarda-redes.
A jogar em vantagem numérica, os beirões esticaram-se e aproximaram-se da baliza. Pedro Maranhão falhou o alvo aos 25’ e desperdiçou uma grande penalidade quase de seguida, a castigar falta de Witi sobre Marques –Tiago Margarido foi expulso por protestos - com Kaique a defender. Os madeirenses só se tranquilizaram e conseguiram organizar-se nos últimos minutos e Chuchu Ramírez, Paulinho Bóia e Liziero tentaram a sorte.
O Tondela colocou-se em vantagem após o descanso, num autogolo de João Aurélio, que desviou com o peito um remate de Maviram. Logo de seguida, Hugo Félix falhou escandalosamente na pequena área com a baliza aberta, no seguimento de uma transição.
Com coragem e união, o Nacional foi ameaçando e chegou ao empate por Zé Vítor, numa recarga a uma defesa incompleta de Bernardo. O Tondela sentiu-se apertado e intensificou a pressão, esbarrando em Kaique que tudo travou, com destaque para uma defesa numa trivela de Afonso Rodrigues e para mais uma grande penalidade, já nos descontos. O guarda-redes deteve o tiro de Jordan Pefok e na jogada imediata colocou a bola longa para André Sousa desviar de cabeça para Paulinho Bóia, que atirou cruzado para a reviravolta no marcador e incendiar a Choupana. E ainda houve tempo para Chuchu aumentar a contagem de penálti, após falta de Medina, que também foi expulso.
As notas dos jogadores do Nacional (4x3x3):
Kaique (9), Deivison (2), Léo Santos (6), Zé Vitor (7), Lenny Vallier (5), Miguel Baeza (4), Matheus Dias (5), Igor Liziero (6), Witi (5), Jesús Ramírez (6), Paulinho Bóia (7), João Aurélio (6), Pablo Ruan (5), Laabidi (5) e André Sousa (5)
As notas dos jogadores do Tondela (4x2x3x1):
Bernardo Fontes (5), Tiago Manso (6), Christian Marques (5), Brayan Medina (5), Maviram (6), Juan Rodriguez (6), Yaya Sithole (5), Pedro Maranhão (6), Hugo Félix (6), Ivan Cavaleiro (5), Jordan Pefok (5), Ceitil (5), Hélder Tavares (5), Afonso Rodrigues (5), Yarlen (-) e Hodge (-)
O que disseram os treinadores:
Luís Sousa, treinador-adjunto do Nacional
«O segredo é o grupo, os jogadores, é o nosso balneário. Foi sabermos que não podíamos falhar e não falhámos. Foi percebermos que ia ser um jogo duro e difícil e que tínhamos de lutar por ele até ao fim, independentemente de tudo o que acontecesse. O verdadeiro segredo é o grupo, é homens com carácter que foram até ao fim, numa segunda-feira, às 17h30, juntamente com estes adeptos fantásticos que vieram ao estádio. Arbitragem? Não me compete a mim falar. A nós compete-nos fazer o nosso trabalho e fazer os jogadores acreditar.»
Cristiano Bacci, treinador do Tondela
«É difícil de explicar de maneira lógica o que aconteceu. É difícil de explicar como é que falhamos um penálti ao minuto 90+8’, que foi o segundo, mas é futebol e temos de aceitar. Mar também é difícil de aceitar. Este tipo de jogos acontecem uma vez na vida. Faltou maturidade? O resultado diz isso, mas acredito que fizemos o suficiente para ganhar, tivemos oportunidades e fiz todas as alterações para tentar ganhar o jogo. É muito difícil de explicar. O nosso próximo jogo, que é o mais importante por ser o próximo, não pode ficar ligado ao que aconteceu hoje. Não é o fim do mundo, temos de ter cabeça fria, melhorar e entender os momentos do jogo.»