F1 volta a Portimão seis anos depois - Foto: IMAGO
F1 volta a Portimão seis anos depois - Foto: IMAGO

Governo avança com €27 milhões para ter F1 no Algarve em 2027

Último GP realizado em Portugal aconteceu em 2021 e apesar da concorrência por uma vaga no calendário de 2027, o apoio do Estado terá sido fundamental na corrida que custará cerca de 27 milhões euros por ano

O Ministro da Economia e da Coesão Territorial, Miguel Castro Almeida, vai formalizar esta terça-feira o regresso da F1 a Portugal, o que deverá acontecer em 2027 e 2028, no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), onde se realizou o último Grande Prémio da modalidade, em 2021.

Depois do primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter anunciado a intenção de formalizar o regresso da categoria rainha e mostrado disponibilidade financeira para sustentar o projeto, agora, quatro meses depois, esse cenário vai concretizar-se e vai custar, pelo menos, 50 milhões de euros aos cofres do Estado.

Logo na altura, o presidente do ACP, Carlos Barbosa, aplaudiu a decisão de Montenegro mas defendeu que o contrato que assegura a realização da prova no país deveria ser «de pelo menos três anos, para ser mais barato», revelando que o valor anual a pagar ao promotor do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 (a Formula One Management) situa-se «entre os 25 e os 40 milhões de euros».

A BOLA sabe que o acordo terá ficado fechado no final da última semana e contactou Miguel Praia, diretor do circuito algarvio, que explicou que não podia fazer comentários, porém o principal administrador do Autódromo Internacional do Algarve, Jaime Costa, que atua como CEO (Chief Executive Officer) e Chairman, vai estar presente na conferência de imprensa desta terça-feira.

«Uma das circunstâncias que mais contribui para a promoção desta região são os grandes eventos. Assegurámos a realização do MotoGP, a prova mãe do motociclismo a nível mundial para 2025 e 2026. E estou em condições de vos dizer que temos tudo pronto para formalizar o regresso da Fórmula 1 ao Algarve no próximo ano, em 2027. Estes eventos implicam algum esforço financeiro por parte do governo, mas têm um retorno quer financeiro direto, quer indireto de promoção que valem, sinceramente, a pena», anunciou Luís Montenegro na festa do pontal.

Em setembro, durante o GP de F1 em Itália, o responsável máximo da Fórmula 1, o italiano Stefano Domenicalli, confirmou o interesse luso, mas considerou difícil acontecer. «Há Portugal, Turquia e, recentemente, Hockenheim [na Alemanha] demonstraram interesse. A coisa mais importante que os possíveis anfitriões devem entender é que há pouquíssimas vagas disponíveis. Portanto, aqueles que se sentam à mesa precisam de ter poder financeiro», avisou.

«Hoje, a situação é diferente de há alguns anos, não apenas pelo que é necessário para entrar na Fórmula 1, mas também pelo que deve ser investido. Não podemos esquecer-nos de que estamos a pressionar muito pela sustentabilidade: todos os promotores devem estar prontos para cumprir os padrões de neutralidade carbónica a partir de 2030», recordou. «Os eventos que recebem de 450 a 500 mil pessoas enfrentarão desafios em termos de energia. Devo dizer que cerca de 90% dos promotores recebem contribuições dos seus governos ou de entidades públicas. Sem esse apoio, é muito difícil», concluiu.

O Autódromo Internacional do Algarve (Portimão) recebeu o Grande Prémio de Portugal de F1 em 2020 e 2021, marcando o regresso da F1 ao país após uma ausência de 25 anos, sendo o 4.º circuito português a sediar a prova, depois do Porto (Boavista - 1958, 1960), Lisboa (Monsanto - 1959), Estoril (1984-1996).