Samu marca de grande penalidade o primeiro golo do FC Porto ao Estrela da Amadora - Foto: ROGÉRIO FERREIRA/KAPTA+
Samu marca de grande penalidade o primeiro golo do FC Porto ao Estrela da Amadora - Foto: ROGÉRIO FERREIRA/KAPTA+

Uma distração do cozinheiro não estragou ceia natalícia (crónica)

Dragões só permitiram uma oportunidade ao Estrela mas aos 60 minutos o encontro estava empatado. Reação rápida não afetou a qualidade do prato e a 13.ª vitória em 14 jornadas surgiu com o tempero habitual

No Dragão, em quadra natalícia, o FC Porto voltou a embrulhar três pontos como quem cumpre uma tradição antiga. A equipa de Francesco Farioli — o treinador italiano continua a provar ser uma rica prenda recebida logo no verão — respondeu com personalidade às goleadas dos rivais, no fim de semana, e manteve a distância de cinco e oito pontos para Sporting e Benfica.

O jogo foi gerido como uma ceia de Natal preparada com segurança embora com um sobressalto provocado por algum excesso de confiança do cozinheiro nos dotes do tempero — tempo certo no forno, pois o golo inaugural saiu no ponto ao fim de 17 minutos, e só o empate meteórico dos forasteiros, na única oportunidade criada, ameaçou o prato.

O Estrela da Amadora tentou resistir, mas o comandante da Liga desbravou caminho e sem especial nota artística, é certo, terminou a festejar a 13.ª vitória em 14 jornadas de um campeonato a roçar a perfeição. Qualquer semelhança com o FC Porto que concluiu a temporada passada em cacos, destroçado, sem ponta por onde se pegasse, sob as ordens de Martín Anselmi, é pura coincidência.

Com duas alterações em relação ao onze que iniciou o duelo da Liga Europa diante do Malmo — Alberto Costa e Alan Varela voltaram ao onze por troca com Martim Fernandes e Pablo Rosario —, bastaram 51 segundos para os dragões cuspirem fogo. Um cruzamento da direita de Alberto Costa permitiu a Samu cabecear ao lado. Feitas as apresentações, os tricolores da Reboleira não tardaram a sentir de novo calafrios, obra de Pepê (3') e Rodrigo Mora (4'), início forte que culminou no lance da grande penalidade assinalada por falta de Schappo sobre Alberto Costa. Da marca dos 11 metros, Samu rematou forte e colocado para a direita de Renan Ribeiro, primeira vez que as redes balançaram — e aí julgou-se que apostar em mais golos na baliza do brasileiro era dinheiro em caixa.

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Exímio no processo defensivo, trancas à porta colocadas ainda longe da área de Diogo Costa, sob a batuta de Bednarek e Kiwior, dupla de centrais polaca fundamental pelo que joga e lidera, o FC Porto entrou em modo de gestão. Até ao intervalo, Samu e Borja, no caso do extremo espanhol em duas ocasiões, deram sinal de vida, já o Estrela jogava em 50 metros não por convicção mas por incapacidade para chegar mais longe.

O futebolês avisa-nos que o 2-0 é um resultado perigoso — que dizer, então, do 1-0, quando um simples deslize pode deitar tudo a perder? Ao minuto 60, a caixa-forte dos azuis e brancos seria arrombada pela quarta vez na Liga, num cabeceamento letal de Abraham Marcus — antigo avançado nigeriano do FC Porto B — a responder a cruzamento da direita do cabo-verdiano Sidny Cabral.

E agora? Enquanto os adeptos de Sporting e Benfica começavam a alimentar a esperança de reduzir a distância para o líder, o FC Porto meteu pés à obra e aos 63' estava outra vez na frente do marcador. Um lance disputado na área acabou com Francisco Moura  a desempatar.

Ao contrário de adormecerem, como sucedera depois do golo de Samu na metade inicial, os homens de Farioli não tiraram o pé do acelerador e selaram o 3-1, aos 73', bis de Samu em jogada confusa.

Após o Famalicão, quinta-feira, para a Taça de Portugal, segue-se o Alverca, na segunda-feira, o próximo candidato a travar a marcha triunfal de um FC Porto difícil de parar na Liga.