Futuro do Boavista joga-se esta terça-feira
Futuro do Boavista joga-se esta terça-feira - Foto: IMAGO

Resistir ou cair? O futuro do Boavista decide-se nas próximas horas

O destino do histórico emblema axadrezado joga-se esta terça-feira, no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia. Credores votaram o fim do clube, mas ainda há uma luz trémula ao fundo do túnel

O destino do Boavista joga-se esta terça-feira, no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia. Encerramento e o fim abrupto de uma instituição com 122 anos de história, o que acarretaria a suspensão de mais de 30 modalidades, incluindo o futebol, ou uma nova oportunidade dada pelos credores? Um adiamento desta sessão está em cima da mesa, mas, para todos os efeitos, as próximas horas serão decisivas.

No passado 25 de novembro, a comissão de credores do Boavista votou pelo encerramento do clube. Essa decisão foi comunicada, posteriormente, pela administradora de insolvência ao Tribunal Judicial da Comarca do Porto. No requerimento submetido pela Administradora de Insolvência é detalhado que a exploração do estabelecimento da insolvente (Boavista Futebol Clube) enfrenta sérias dificuldades financeiras, agravadas pela incapacidade de assegurar receitas, nomeadamente, através do protocolo com a SAD, das rendas do direito de superfície e dos montantes esperados de investidores, além de outros rendimentos.

Por outro lado, as despesas correntes, agravadas pela descida administrativa do emblema aos distritais, têm contribuído para a acumulação de dívidas na massa insolvente, dificultando ainda mais a sustentabilidade da atividade do clube.

A dívida global dos axadrezados rondará (pelo menos a dívida reconhecida) os €99 milhões e, só ao Estado, atinge os €20,4 milhões. Entre as entidades públicas credoras estão a Direção de Finanças do Porto, os Instituto da Segurança Social do Porto e Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça e a Parvalorem (que ficou com ativos tóxicos do extinto banco BPN).

Ainda há esperança. A BOLA sabe que nas últimas horas houve uma série de contactos ao mais alto nível com os principais credores, em conjunto com a administradora de insolvência, para se tentar chegar a um acordo que não passe pela solução mais radical. Os credores estão cientes de que a venda do património do Boavista não irá resolver a dívida — serão migalhas.

Na altura da decisão da comissão de credores, o clube emitiu um comunicado a responsabilizar a Boavista SAD pelo «incumprimento do protocolo com na origem da situação de insolvência», solicitando «a intervenção urgente do Tribunal para que seja determinado o cumprimento integral do protocolo pela SAD ou, em alternativa, a libertação das instalações do clube, tendo em conta a situação de insolvência da mesma».

De recordar que em final de outubro, o Boavista (clube) comunicou a desistência da equipa sénior inscrita na I Divisão (quarto escalão distrital da AF Porto). A equipa não chegou a realizar qualquer jogo oficial na prova por não conseguir inscrever jogadores, devido aos ‘FIFA bans’ que afetam a SAD.

Apesar dessa contrariedade, a Boavista SAD manteve-se a competir na Liga Pro (principal escalão distrital da AF Porto), recorrendo sobretudo a jogadores juniores e a atletas que já estavam inscritos antes da proibição da FIFA. Nesta altura, com 14 jogos disputados, a equipa da SAD, orientada por Jorge Couto, está em zona de despromoção, no 17.º e penúltimo posto, com oito pontos.