Não foi só Pavlidis a desembrulhar presentes
Relegado para o banco de suplentes frente ao Nápoles, na melhor exibição do Benfica de José Mourinho, Vangelis Pavlidis voltou à titularidade em Moreira de Cónegos e mostrou como é preponderante na equipa encarnada.
Mourinho é o primeiro a sabê-lo, para lá das razões físicas e estratégicas que justificaram a (feliz) opção no jogo europeu. Se a presença de Tomás Araújo no eixo defensivo pode ganhar consistência, a aposta em Ivanovic para o ataque foi mais conjuntural. O croata ganhou pontos — foi mais associativo até, para além da capacidade para atacar a profundidade —, mas Pavlidis está noutro patamar, desde logo pela relação mais próxima com os golos. A prova disso está na argúcia com que aproveitou as prendas antecipadas de Natal que o Moreirense ofereceu — não por aquilo que tentou fazer a equipa de Vasco Botelho da Costa, fiel às ideias do treinador, mas pela forma (errática) como fez.
Ultrapassado na véspera por Luis Suárez, reforço que tem confirmado a assertividade do Sporting no mercado, Pavlidis fez perfeito hat trick para assumir a liderança isolada da lista de melhores marcadores do campeonato. Aos 27 anos de idade tem ainda aspetos a melhorar, provavelmente estará por atingir o pico da carreira, mas o grego tem sido um dos elementos mais consistentes do Benfica desde o verão de 2024, quando foi recrutado ao AZ Alkmaar, justificando claramente o investimento de 18 milhões de euros.
Sagaz a meter as prendas do Moreirense no saco, Pavlidis teve em Aursnes um ajudante muito hábil. O norueguês assistiu duas vezes o grego e fechou a goleada do Benfica com um belo chapéu.
Aursnes não marcava desde agosto, mas dá sinais de estar a ultrapassar um período em que andou aquém daquela regularidade habitual, parece estar a recuperar uma clarividência técnica e tática que é essencial para a sua polivalência, mas que vale mais do que essa capacidade de jogar em qualquer lado.
O Benfica joga com a pressão de quem corre atrás de um prejuízo que até aumentou após a troca de treinador, mas nas últimas semanas tem deixado sinais de evolução. Ainda procura consolidar uma identidade, mas está mais versátil na forma como interpreta os adversários.
As lacunas no plantel não desapareceram, mas as opções parecem mais definidas. Ainda carece de confiança, mas já é mais competitivo, mais equipa. Parece caminhar com maior firmeza, mas sabe que não resistirá a outro tropeção.