Van der Poel é 'demasiada areia' para Van Aert

Neerlandês bateu o arquirrival pela segunda vez esta temporada de ciclocrosse e já vai em quatro vitórias. No areal de Hofstade, o belga aproximou-se, mas ainda está... muito distante

A areia voltou a contar a mesma história. Em Hofstade, tal como em Antuérpia e Koksijde, Mathieu van der Poel entrou em cena e, em poucas pedaladas, transformou uma corrida de ciclocrosse num exercício de autoridade. Quatro vitórias em quatro corridas esta temporada, três delas em dias consecutivos, confirmam uma hegemonia que já não é momentânea: dura há quase dois anos. Desde janeiro de 2024, ninguém o vence.

O cenário ajudava à narrativa épica. Um percurso rápido, traiçoeiro, carregado de areia, onde cada erro se paga caro e onde a técnica vale tanto como as pernas. Van der Poel precisou de menos de meia volta para fazer aquilo que lhe é quase instintivo: esticar o pelotão, isolar-se e desaparecer no horizonte. A partir daí, foi uma corrida contra o relógio — e contra a ideia de que alguém ainda o pode travar.

Esta distância foi a menor entre Van der Poel (à frente) e Van Aert durante a corrida

Atrás, Wout van Aert tentou resistir à força do inevitável. Depois de uma estreia discreta na temporada, o belga apresentou-se mais sólido, mais confiante, mais próximo do rival de sempre. Caiu cedo, recuperou rápido e encontrou o seu ritmo. Não chegou para discutir a vitória, mas bastou para assegurar, com clareza, o segundo lugar e deixar sinais de que a época ainda tem capítulos por escrever.

Na luta pelo pódio, Niels Vandeputte foi mais forte no sprint do que Thibau Nys, num duelo entre estilos: a técnica apurada contra a pura capacidade física, sobretudo nos setores mais arenosos, onde cada metro parecia exigir um esforço extra.

Van Aert em ação na sua segunda corrida de ciclocrosse esta temporada

Na meta, Van der Poel apareceu como quase sempre: sereno, dono do momento, como se aquela exibição fosse apenas mais um treino bem conseguido. «Esta é uma das poucas corridas de que me lembro de ver quando era criança», confessou, com um sorriso de quem continua a saborear o ciclocrosse. «Na areia, um pequeno erro custa logo muito tempo. Encontrei o meu ritmo, senti-me muito bem. Quando conseguimos fazer a nossa própria corrida, o ciclocrosse torna-se mesmo agradável.»

Pódio do Troféu X2O em Hofstade com Van der Poel, Van Aert e Niels Vandeputte

Van Aert, por sua vez, saiu de Hofstade com mais do que um segundo lugar. Saiu com confiança. «Depois da primeira volta, tudo melhorou. Quando cheguei à frente, o Mathieu já liderava, mas recuperei o ritmo e fiz uma boa corrida», explicou. Nas últimas voltas, percebeu que a vitória estava fora de alcance, mas deixou-se levar pelo ambiente. «Tenho 31 anos, mas viver uma atmosfera destas continua a ser incrível.»