Francesco Farioli é o treinador do momento em Portugal - Foto: Catarina Morais/KAPTA +

Vai o plantel responder à pedalada de Farioli?

Início de época do treinador do FC Porto lembra o arranque de Roger Schmidt no Benfica e está nos antípodas do que Bruno Lage oferece. Mas só o tempo dirá quem tem a melhor estratégia. Rui Borges, esse, está no 'meio'

É de pequenas batalhas que se ganham as grandes guerras e neste capítulo o FC Porto está momentaneamente mais bem posicionado. Única equipa com cinco vitórias em outras tantas jornadas, líder isolado da Liga, que apresenta até agora o melhor reforço da competição (Froholdt) e um futebol de alta voltagem que agrada ao adepto e promove espetáculo. É normal, e até legítimo, o otimismo que se vive no Dragão, tendo em conta o termo de comparação recente, o que prova mais uma vez que o projeto como conceito holístico tantas vezes vendido à opinião pública só existe se houver efetivamente um bom treinador.

Vive Francesco Farioli um estado de graça que o próprio tem vindo a conquistar por mérito próprio, mas também algo muito típico dos momentos de viragem nos clubes. A novidade é sempre refrescante, principalmente quando as bases parecem sólidas, e é precisamente esse o período  que o treinador italiano atravessa, tendo já passado com distinção dois exames difíceis: o clássico com o Sporting em Alvalade e a capacidade de mudar, à força, muitas peças face a muitas lesões e mesmo assim não perder a identidade de um Porto rock n'roll.

Salvaguardando as devidas diferenças de estilo e contexto, o início de temporada de Farioli no FC Porto tem muitos pontos de contacto com o arranque de Roger Schmidt no Benfica em 2022/23: na frescura de ideias, na abordagem ofensiva, na forma como os jogadores agarraram um conceito de jogo exigente e ambicioso. Ambos vendem aquilo que qualquer adepto gosta: a sensação de que isto é apenas o início.

Tudo o que Bruno Lage não representa. Já teve o seu estado de graça, seguiu-se a desgraça, o regresso e agora uma espécie de teste à paciência dos adeptos e à autorresistência. Numa leitura imediata e simplista será fácil afirmar que o português estará numa situação mais frágil que o italiano, mas convém lembrar que o técnico natural de Setúbal está a ficar cada vez mais conservador e excessivamente estratégico, pensando a médio e longo prazo. Parece ser algo pensado.

No meio, situa-se Rui Borges. Não convoca euforias nem depressões, apenas uma consistência sólida que é posta à prova semana a após semana e com um plantel que vai dando garantias.

A fotografia do momento é, pois, feita em tons azulados, mas só o tempo dirá se Farioli tem soluções em quantidade suficiente para aguentar uma pedalada tão forte. Porque já são demasiados os lesionados em tão pouco tempo.