Usain Bolt num evento da Puma em Tóquio (IMAGO)

Usain Bolt não acredita que os sprinters de hoje quebrem os seus recordes

Há 16 anos que o jamaicano detém os registos mais baixos de sempre nos 100 e nos 200 metros; aborda declarações de Noah Lyles e ascensão de um prodígio de 17 anos

Usain Bolt vai marcar presença no Mundiais de Atletismo pela primeira vez desde que se retirou, há oito anos, e ao marcar presença no evento da Puma em Tóquio, afirmou que os seus recordes serão quebrados no futuro, mas não pela geração atual de sprinters.

«Não estou preocupado com isso», revelou: «Acho que o talento existe e que os que estão a surgir vão ter sucesso, mas, neste momento, não acho que consigam bater o recorde mundial.»

Foi nos Mundiais de Berlim, em 2009, que Bolt registou as marcas de 9,58 segundos nos 100 metros e de 19,19 segundos nos 200 metros. Mas um estudo da Puma determinou que Bolt, hoje, correria os 100 metros em 9,42 segundos e o jamaicano concorda: «Provavelmente teria corrido muito mais rápido se tivesse continuado e, se soubesse que as botas chegariam a este nível, talvez tivesse continuado, porque teria sido ótimo competir nesse nível e correr tão rápido.»

‘Rivalidade’ com Noah Lyles

Noah Lyles, campeão olímpico dos 100 metros em Paris 2024 (em 9,79 segundos), tem sido o sprinter que mais menciona ambição de bater os recordes de Bolt, que não se mostra preocupado com as afirmações do norte-americano, recordando a rivalidade que teve com Justin Gatlin.

«Não acho que Noah seja tão louco quanto lidar com Justin, então, para mim, não há diferença. Acho que, ao longo dos anos, eu e o Gatlin trocámos algumas provocações, mas ele era diferente, porque surgiu numa época em que provocar era normal para todos.»

«Como sabem, nunca dei ouvidos a ninguém. Sei que quando estou preparado e pronto, podes dizer o que quiseres, não vais conseguir vencer-me, fico sempre concentrado e isso nunca foi um problema», atirou.

Ainda assim, Bolt acredita que, um dia, os seus recordes sejam quebrados: «Tudo evolui na vida, as pessoas tentam melhorar, tentam ser mais rápidas. Não será uma surpresa se isso realmente acontecer.»

O jamaicano de 39 anos ainda deixou um aviso a Gout Gout, australiano de 17 anos que vai estar na prova de 200 metros nestes Mundiais: «Se ele continuar neste caminho, vai ser bom, mas é preciso acertar em tudo. Quero dizer, nunca é fácil.»

«É sempre mais fácil quando se é mais jovem, porque eu passei por isso, costumava fazer coisas incríveis quando era jovem, mas a transição do júnior para o sénior é sempre mais difícil. Tudo depende de se conseguir o treinador certo, as pessoas certas ao seu redor, se estiver suficientemente focado, então há muitos fatores que determinam se ele vai ser incrível e se vai continuar na mesma trajetória para um Campeonato do Mundo ou para as Olimpíadas», concluiu.