Uma vitória nunca é feia, mesmo que seja assim (crónica)

Benfica entrou pior do que o Famalicão no encontro e só de penálti - polémico, até pelas palavras dos famalicenses - marcou; mas foi consistente e leva quatro jogos sem sofrer um golo

Uma vitória nunca é feia, mesmo que ela deva ser enaltecida mais pela segurança defensiva, do que propriamente pela beleza estética de um ataque. O Benfica chegou ao quarto triunfo consecutivo pelo dado mais evidente e comum entre esses encontros: não sofreu golos. Desta vez, perante uma equipa que tinha marcado sempre fora e que na Liga nunca tinha perdido como visitante. Pode não ter sido bonito, mas foi consistente, portanto, o triunfo encarnado.

O Benfica começou de menos e chegou ao intervalo a mais. No bloco de notas de José Mourinho, aqueles 11 minutos iniciais serão valiosos para recordar aos jogadores algo que o treinador insistiu: o que é o Benfica, como é jogar no Benfica. Naqueles 11 minutos, nada do que houve em campo foi propriamente Benfica, por culpa, já agora, de um Famalicão personalizado e que roubou a bola à equipa da casa.

Era um mau início, mas seria só isso, pois a partir do remate de Sudakov no 11.º minuto, o Benfica equilibrou e depois acabou a dominar. Os encarnados não eram propriamente pressionantes, esperavam por um gatilho para pressionar, mas a verdade é que passaram demasiados minutos, em casa, a ver jogar para se superiorizarem.

O primeiro tempo foi, assim, reflexo desta luta ascensional das águias: começaram por baixo, igualaram o adversário no jogo e graças a um remate de Dahl e, sobretudo, ao penálti que Pavlidis converteu saíram por cima.

O grego, aliás, merece umas palavras só para ele. Pavlidis é algumas vezes vítima de uma equipa que tem pouca chegada à área. Daí que, de cada vez que tem uma ocasião, o seu nível de eficácia tenha de ser altíssimo. Os penáltis, por vezes, são uma dessas raras hipóteses que um avançado tem num jogo e o internacional helénico tem sido frio da marca dos onzes metros, impermeável a qualquer polémica vinda de uma decisão arbitral - e esta vai dividir opiniões de novo -, ainda que nesta segunda-feira até ele próprio se tenha dado menos ao jogo.

É bom lembrar, ainda assim, que o Benfica teve de trazer dinâmicas diferentes para o jogo. Apesar da exibição de Prestianni, não houve Barreiro que tinha vindo a ser complemento bom ao grego. Ou seja, foi uma equipa que teve de ser diferente e que ainda perdeu Tomás Araújo a meio do jogo: aí, sem se refletir a diferença para António Silva, que manteve o nível defensivo e foi limpando o que havia.

O Famalicão teve um remate de Zabiri e uma atrapalhação de Trubin, mas pouco mais fez, ainda que tenha tido boa posse e ligação, com Hugo Oliveira a tentar inverter o destino das coisas com as trocas que efetuou, sobretudo quando tentou ser mais ofensivo e passou Gil Dias para lateral-esquerdo, com as entradas de Elisor e Joujou.

Ainda assim, no meio de algum equilíbrio, foram do Benfica os remates perigosos, mesmo que poucos para quem jogava em casa e tem o peso da camisola que enverga.

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Como se disse, não houve beleza na vitória encarnada, mas também esteve longe o Benfica de sofrer como já sofreu neste mesmo estádio, o seu, nos minutos finais de partidas. O Benfica não se viu aflito, foi compacto no final de um jogo que não fica na memória coletiva: nem pelo triunfo, muito menos pela exibição, mas sobretudo porque não houve falhas de concentração. Talvez fique pelo lance de Haas e Otamendi, dependendo de quem o está a analisar.