Tradição do futebol inglês pode estar perto do fim

Uma das tradições mais emblemáticas do futebol inglês pode estar perto de chegar ao fim. A Premier League e a English Football League (EFL) vão reunir-se no início de 2026 para discutir o possível levantamento do histórico blackout das 15h de sábado, regra que impede a transmissão televisiva em direto dos jogos disputados nesse horário.

O Reino Unido é atualmente o último país da Europa a manter esta restrição, criada há décadas para proteger as assistências nos estádios das divisões inferiores. No entanto, com a liga interessada em vender todos os jogos no próximo ciclo de direitos televisivos, cresce a pressão para acabar com uma norma que sempre foi vista como intocável no futebol inglês.

Nesta temporada, a Premier League transmite um recorde de 270 jogos, mas dirigentes acreditam que só a transmissão integral dos calendários permitirá aumentar as receitas, numa altura em que o valor dos direitos televisivos tem vindo a estagnar ou mesmo a cair em vários mercados europeus.

Apesar de os atuais contratos só expirarem no final da época 2028/29, a EFL pretende ir a mercado já em 2027 e precisa de saber se poderá incluir jogos das 15h de sábado no pacote.

O blackout está associado ao Artigo 48 dos estatutos da UEFA, que permite proibir transmissões em direto durante um período de duas horas e meia ao sábado ou domingo. Em Inglaterra, aplica-se entre as 14h45 e as 17h15 de sábado. A Federação Inglesa, responsável por pedir a aplicação da norma, não deverá opor-se à sua remoção.

Ainda assim, o possível fim do blackout levanta dúvidas e resistências. A regra continua em vigor na Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, podendo abrir a porta a pedidos de compensação. Além disso, existe o receio de que a transmissão em direto dos jogos das 15h afete negativamente as assistências nos estádios, sobretudo nas divisões inferiores.

Seja como for, o debate está lançado. Aquilo que durante décadas foi visto como um pilar da cultura futebolística inglesa pode estar prestes a desaparecer, num sinal claro de que, também em Inglaterra, a tradição começa a ceder ao peso dos direitos televisivos.