St. Juste era a quinta opção para o centro da defesa do Sporting. Foto MIGUEL NUNES

Suplentes de luxo, um potencial problema no Sporting

Maior desafio de Rui Borges será gerir insatisfação de jogadores fundamentais para a conquista do bicampeonato

St. Juste já foi, outros se seguirão. O Sporting de hoje será seguramente bem diferente daquele que veremos daqui a duas semanas, quando fechar o mercado, sobretudo na defesa.

Ontem, Rui Borges foi confrontado com a luta, e eventual insatisfação, de dois pontas de lança por um lugar — Harder e Luis Suárez. Mas na defesa o excesso de opções talvez seja mais evidente. E se na frente é frequente os treinadores recorrerem a substituições para refrescar as equipas, atrás poucos mexem.

Diomande saiu lesionado frente ao Casa Pia e este domingo deverá ser Debast o substituto. Eduardo Quaresma ainda não jogou. St. Juste era a quinta opção para o centro da defesa e não surpreende por isso que tenha decidido ir embora.

À direita, Fresneda foi titular nos dois primeiros jogos, entretanto chegou Vagiannidis, é caso para perguntar o que ainda estão Ricardo Esgaio e Diogo Travassos a fazer no plantel. À esquerda, Maxi Araújo, entretanto lesionado, é o dono do lugar, e chegou Ricardo Mangas para lhe fazer concorrência. Mas e Matheus Reis? E Nuno Santos, quando voltar de lesão?

E se no ataque Harder e Luis Suárez dividiram a titularidade nos dois primeiros jogos, na ala direita Quenda foi duas vezes suplente — Quenda, indiscutível na época passada, já vendido ao Chelsea por mais de 50 milhões de euros...

Rui Borges vai dizendo que quando o Sporting começar a jogar de três em três dias, na UEFA Champions League, todos vão ter oportunidades. Mas tradicionalmente os clubes portugueses rodam muito pouco na principal prova europeia — e mesmo que haja alguma rotação, se forem sempre os mesmos a começar os grandes jogos há enorme potencial de insatisfação.

Todos os clubes precisam de suplentes, de bons suplentes. O Sporting sabe bem disso, atendendo à onda de lesões a meio da época passada que ajudou a pôr em risco um título que parecia entregue em outubro. Mas há uma questão de estatuto, de importância em conquistas passadas, que é difícil de ultrapassar.

Uma coisa é contratar Kochorashvili, ou Mangas, e deixá-los no banco, à espera que se adaptem e conquistem os seus lugares. Outra é ter jogadores fundamentais da conquista do bicampeonato, como os mencionados Debast, Quaresma ou Quenda, a amargar no banco.

Rui Borges vai ter de ser muito cuidadoso com essa gestão — nos minutos que lhes der mas também na forma como falar deles nas conferências, e pelo menos na segunda está longe de ser convincente.