Luis Suárez marcou o primeiro golo do jogo aos 18' - Foto: CATARINA MORAIS/KAPTA+
Luis Suárez marcou o primeiro golo do jogo aos 18' - Foto: CATARINA MORAIS/KAPTA+

Sporting a jato só não foi avião-caça porque o Tondela teve um escudo antiaéreo

Leão de gala marca três mas podia ter havido goleada das antigas… Valeu aos beirões o guarda-redes Bernardo Fontes, mãos de aço por trás duma muralha que não foi de ferro. Luis Suárez, Pedro Gonçalves e Quenda conseguiram dar forma à avalanche ofensiva dos verdes e brancos

Foram três mas podiam ter sido muitos mais! A avalanche ofensiva do Sporting foi de tal ordem que, contas feitas e terminado o jogo, 29 remates e desses 19 (!) com perigo efetivo para a baliza do Tondela, que só não saiu goleado porque a defendê-la teve um superguarda-redes, mãos de aço por trás de uma cortina que não foi de ferro, antes de pano e esburacada deixando vendaval do ataque leonino soprar até às redes. Um leão de gala ainda que perdulário, mas porque pela frente teve um Bernardo Fontes estratosférico — 13 defesas, recorde da Liga.

Sabia-se à partida que Rui Borges seria obrigado a mexer no eixo da defesa: Debast lesionou-se com o Marselha e disponibilizou a posição mais à direita da dupla central para Diomande. À partida perderia o leão na construção, sobretudo por não poder contar com a precisão de passe do belga, ganhava no porte físico e no jogo aéreo – defensivo e ofensivo, como se viu logo aos 4’ numa cabeçada ao lado do marfinense na sequência de um canto e depois aos 68’ na área leonina a afastar para fora.

Galeria de imagens 36 Fotos

Também à partida admitia-se que Geny Catamo, motivado por golo que marcou na Champions cinco minutos depois de ter entrado em campo, aparecesse no lugar de Quenda e… apareceu, não apenas no onze mas ativo pela direita com duas boas chances de golo aos 7’ e 36’ para duas grandes defesas daquele que se revelou como o principal travão da armada leonina, sim, o guarda-redes Bernardo Fontes.

Foi então um Sporting com duas mudanças no arranque duma semana desenfreada, de Tondela para Alvalade para receber o Alverca na Taça da Liga são apenas 48 horas de distância (e há outra vez Alverca na sexta-feira para a Liga), queria Rui Borges ter um avião para lá chegar mais depressa, teve ontem um a jato, supersónico na forma como empurrou o Tondela à sua zona defensiva durante toda a primeira parte, transformando o 4x2x3x1 num compacto e baixo 5x4x1 que pretendia evitar a incursões leoninas.

Os leões, porém, conseguiram encontrar formas de furar o escudo defensivo e com facilidade chegaram às zonas de finalização: até aos 45’ foram 12 as situações para poderem marcar, nove delas de perigo iminente, só uma a ferir o adversário: Suárez aos 18’, servido por Pedro Gonçalves (54.ª assistência e agora único rei dos leões), pura classe a tirar três defesas da frente até marcar.

O colombiano teve na primeira parte mais cinco (!) possibilidades de golo, Pedro Gonçalves e Geny Catamo duas cada um e Trincão outra. O ataque verde e branco desenfreado. Era um Sporting a jato mas não avião caça, antes perdulário que poderia ter sofrido tiro de morte de Pedro Maranhão aos 42’: valeu Rui Silva a fazer de Bernardo Fontes, guardião dos beirões e grande figura nos primeiros 45 minutos… e dos segundo também.

Sufocar, marcar, gerir e respirar

Ivo Vieira tinha de fazer qualquer coisa. E fez: lançou Tiago Manso e Yefrei Rodríguez para ficar com duas referências ofensivas mas aos 49’ já a barreira antiaérea tinha sido obrigada a defender dois mísseis de Maxi e Geny!

Continuava o blitz do leão que apesar de sufocante só teve resultados práticos aos 71’, quando Pedro Gonçalves de pé esquerdo desta vez não permitiu que Fontes secasse a ofensiva leonina – antes, aos 59’, remate do mesmo Pote tinha batido no muralha de aço e Geny tinha falhado o alvo.

Mas podia então o Sporting descansar no resultado, Rui Borges pôde enfim gerir e fazer trocas, porque esta terça há novo jogo e foi só aí que se viu o Tondela na área contrária a sair do desassossego. Ainda assim o leão respirou, ganhou fôlego para o 3.º de Quenda (90+2’), já em campo tal como Alisson, Ioannidis, Kochorashvili e Matheus Reis. É que a semana é intensa, como muito intenso foi o leão no jogo que o meteu igual ao FC Porto na liderança do campeonato e à espera do jogo do dragão.