Sport Eleições e Benfica
1 Um mercado de transferências e uma pré-campanha eleitoral, uma pré-campanha eleitoral e outra pré-campanha eleitoral dentro da anterior. Confuso? Nada disso, Rui Costa a ter de construir uma equipa com urgências de mês de agosto cheio, com Supertaça Cândido de Oliveira a 31 de julho, mas sobretudo com a qualificação para a fase de Liga da Champions, em que os resultado desportivos — a conquista do troféu no dérbi com o Sporting já na próxima quinta-feira mas acima de tudo a qualificação europeia — vão ditar não apenas muito do que se vai jogar em 2025/2026 mas também as eleições de outubro… Por isso este tempo de mercado não é só de mercado, é também de campanha eleitoral e a altura certa para lançar um projeto megalómano para entusiasmar o povo benfiquista. E nada melhor do que o povo benfiquista para entusiasmar um já sempre entusiasmado e aos saltinhos presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que olhou para este projeto (que ainda nem no papel está, não passa de um esboço sem outras preocupações seja de que natureza for...) como ouro sobre encarnado para gritar hosana às portas de outras eleições por sinal também em outubro… E como é tentador o chamamento na nação encarnada, com o governante sempre pronto para aparecer na fotografia, e por isso não podia faltar a ministra da Cultura, Juventude e Desporto também a dizer estou aqui, também fazemos parte deste novo mundo cheio de encarnado, com arenas e pavilhões, centros comerciais e hotéis, espetáculos de luz e cor num país onde há gente sem casa para morar.
São cinco os candidatos à presidência do Benfica, mas foi quando o fantasma Luís Filipe Vieira, bem palpável, começou a pairar na Luz que o líder benfiquista acelerou com as contratações e com projetos que muitas vezes vemos anunciados com pompa o circunstância mas que uma vez entusiasmadas as hostes, feito o efeito eleitoral, acabam por não sair do papel. Não seria o primeiro, não seria o último. O que sabemos é que são anunciados ao mundo sempre nestas alturas, 220 milhões de euros 100% financiados por «entidades internacionais», um projeto que Rui Costa leva às urnas e por isso um compromisso que não pode ser defraudado e com a grandiosidade apresentada. Caso ganhe as eleições. Mas se antes falhar a Champions e a bola estiver a bater na trave, tenho para mim que não haverá projeto que salve o líder encarnado. Porque o maior desígnio do Benfica são sempre os títulos e um campeonato em seis anos, com o Sporting a ganhar três, é muito pouco para um clube tão grande, mais ainda no contexto de Portugal. No final das contas, a nação benfiquista o que quer é ganhar títulos, que é para isso que puxa com alma pela equipa.
2 Está a terminar a novela Gyokeres. Pode ter havido, certamente que houve, mas talvez por estar tão presente e de forma tão longa, não me lembro de uma negociação assim no futebol português neste século.
Um processo desgastante, para todas as partes, até para nós jornalistas (mas essas queixas o estimado leitor não tem de levar com elas, jornalista não é notícia). Mas contas feitas, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, acabou por levar a sua por diante.
Mas dizer que há um vencedor neste processo parece-me exagerado. O jogador acabou por ir para onde mais queria, os verdes e brancos por conseguirem o valor que queriam, o agente, sim, teve de abdicar e o Arsenal de ir além do que imaginava. Porém certamente que este exemplo poderá um dia ter peso noutro processo, as marcas ficam e outros jogadores e agentes e clubes podem alguma vez recordar que houve uma novela Gyokeres de que podem eles mesmos não ficar livres de um dia lhes acontecer. Varandas sai por cima, sem dúvida, mas agora há um novo Gyokeres para encontrar, espera o treinador Rui Borges que não demore o mesmo tempo. Afinal, a Supertaça é já ali e os leões nesta altura só têm ainda o jovem Conrad Harder para lançar às feras…
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