Só Rui Costa pode 'perder' este jogo, mas consequências são para todos
Por um dia, não se pode ligar ao desempenho. Por um dia, não interessa jogar bonito. Por um dia, apenas interessa aquilo que interessa em todos os outros dias: ganhar. É isso que importa apenas nesta quarta-feira, na Luz, ao Benfica. Pode até nem ser preciso vencer o jogo, mas é absolutamente necessário ganhar a eliminatória ao Fenerbahçe.
As implicações do encontro com os turcos são extremamente relevantes e todos as sabem de cor. Cair para a Liga Europa implica uma redução da receita o que, no imediato ou a médio prazo, pode significar menor investimento. Menor investimento pode ser a razão de um plantel aquém na qualidade comparativa com os rivais e aqui é preciso perceber o que fizeram e ainda têm para fazer Sporting e FC Porto.
Alguém poderá argumentar que o Benfica tem qualidade na formação para solucionar problemas, mas essa qualidade já existe hoje e, portanto, se a gestão dá sinais de que é preciso ir ao mercado, como está suceder, é porque considera que há soluções que se têm de procurar fora em vez de dentro.
O contexto do Benfica-Fenerbahçe é muito mais do que um jogo de futebol na ótica encarnada, pois ainda há as repercussões políticas que o duelo tem. Não acredito que nenhum candidato às eleições de outubro queira um falhanço da equipa – o maior ato de antibenfiquismo -, mesmo que cinco possam vir a beneficiar dele. Do ponto de vista político, este é um jogo que só Rui Costa pode perder. Nenhum dos outros concorrentes será responsabilizado por ele.
Ainda assim, todos estão dependentes dele. Porque seja quem for o vencedor em outubro, se Rui Costa, presidente em exercício, ou outro, terá sempre de agir em acordo com o resultado do jogo com o Fenerbahçe. O plantel que vai herdar, o dinheiro que vai ter ou não ter no mercado seguinte, os objetivos para a temporada e, não menor do que tudo isto, a que distância se fica dos rivais: não apenas no campeonato, mas no global.
Costuma-se argumentar que não deve haver uma preocupação com os outros e que se deve seguir o próprio caminho. Isso é muito bonito em tese, mas não olhar para o investimento do FC Porto no plantel e para outros do Sporting – no estádio, na compra do Alvaláxia – seria não perceber que os rivais não esperam por ninguém. O Benfica não pode adiar para amanhã o que tem de fazer hoje. Ganhar. Para que seja possível ganhar muitas mais vezes no futuro. Imediato, a médio prazo. Sabendo-se lá o que dará outubro.