Revelações, o árbitro, a piada que saiu ao contrário e a paciência: tudo o que disse Lage
— Este jogo está a ser encarado como uma final por ser muito importante. Que ambiente e apoio espera no Estádio da Luz?
— O mais importante é o que foi vincado pelo Enzo: a vontade enorme de jogar na Champions. Sabemos da importância financeira e estratégica para o clube. Mas temos de vencer. E para vencer, precisamos de ter consciência de que do outro lado está uma equipa de Liga dos Campeões, repleta de jogadores de enorme qualidade e um treinador que conhece muito bem a competição, que venceu duas vezes. O mister José Mourinho conhece muito bem o Benfica, o Estádio da Luz. E o mote, dentro de campo, é sermos mais racionais que emocionais. Com isto estou a antecipar um jogo tático, precisamos de ter paciência e inteligência para vencer. Temos, no mínimo, 90 minutos para fazê-lo. Precisamos do apoio fantástico dos adeptos, que precisam de perceber os momentos do jogo, o que se vai vivendo a cada momento. Precisamos de ser mais racionais que emocionais, para fazermos um grande jogo à dimensão do nosso adversário.
— Como está a equipa em termos de responsabilidade antes de tão decisivo jogo que pode provocar um problema financeiro?
— A responsabilidade está em todos os jogos. Desde o início tínhamos um troféu para conquistar, jogos para vencer para chegar à fase seguinte da Champions, iniciar o campeonato de forma diferente do ano passado. A nossa responsabilidade está sempre no máximo, a motivação para vencer e jogar pelo Benfica está sempre no top. Pensamos na forma como vencer o jogo seguinte.
— UEFA nomeou para este jogo um árbitro [Slavko Vincic] que Mourinho elogiou. Preocupa-o?
— Só tive oportunidade de ser arbitrado por este árbitro num jogo do Mundial de Clubes, com o Chelsea. Não fico nada preocupado por José Mourinho o ter elogiado. O maior elogio que podemos fazer ao árbitro é no final do jogo falarmos do jogo e não dele.
— O que podem acrescentar Sudakov e Carlos Álvarez ao plantel?
— Não vou falar de mercado, ainda menos num jogo de Champions.
— Depois do jogo com o Tondela confirmou Trubin e António Silva no onze e acabou de confirmar a linha defensiva.
— Já não confirmo mais nada.
— Disse também que Mourinho sabia quais seriam os outros. Poderia esclarecer-nos quais são os outros?
— Foi uma piada que saiu ao contrário, não queria era abrir mais o jogo, porque o mister Mourinho ficaria a saber. Não leve a mal, já vos adiantei metade do trabalho, guarda-redes e linha defensiva e, porventura, também seria o mais fácil de antecipar. Mas o mais importante, independentemente do onze ou sistema tático, é sabermos o que fazer em termos ofensivos e defensivos, ter controlo emocional grande, sermos inteligentes para perceber o momento de jogo porque temos 90 minutos para vencer.
— Após o primeiro jogo, valorizou a importância de ter três médios para equiparar o meio-campo do adversário. Sente essa mesma importância agora e, sem Florentino, há hipótese de João Veloso ser titular?
— Abre-se a porta a muita gente. Mais importante que jogar com três médios ou não é termos capacidade de controlar os médios adversários. Temos de ver que tipo de médios podem jogar, se Talisca pode jogar como médio ou segundo avançado. São variantes do nosso adversário que percebemos bem nos jogos que fizemos. Mais importante é sermos agressivos a defender e nos duelos e saber procurar os espaços quando tivermos bola.
— Teve um momento lúdico com Akturkoglu no treino. Isso é um sinal da boa relação com ele? Já viu as imagens do final do jogo com o Tondela e pode dizer-nos o que motivou a irritação de Akturkoglu?
—Tenho boa relação com todos os jogadores. O Akturkoglu é um jogador especial e os adeptos ainda o não conhecem como homem. Conhecem como jogador, mas não como homem. Achei piada aos jornalistas turcos, quando chegaram, acenaram-lhe. Achei piada a isso. Viu as imagens de Akturkoglu a entrar em campo? Sorridente, entrou em campo para ajudar a equipa, não teve uma boa prestação, saiu desiludido. Para mim será assunto no dia em que algum dos jogadores não contribuir para a equipa e pensar que está tudo bem. Aí estarei muito preocupado.
— A presença na Champions tem impacto grande na chegada e saída de jogadores?
— Temos uma estratégia definida no fim do último campeonato. A minha preocupação é o jogo com o Fenerbahçe. Os outros assuntos estão na mão do presidente para serem resolvidos.
— Porque se treinou Florentino, que não pode jogar amanhã por castigo, na equipa B?
— Treinado com a equipa B, treina melhor, do que propriamente fazendo um treino de véspera de jogo. Foi apenas isso.
— A sua posição e a do treinador adversário será reforçada ou debilitada consoante o resultado?
— Só posso falar do meu lado, não penso nisso.
— Se não chegar mais um extremo-direito, Prestianni pode ser o substituto de Aursnes na posição?
— Já está a entrar no caminho errado que é meter Prestianni como substituto de alguém. Independentemente de jogar à direita ou esquerda, tem de contribuir com bom rendimento.
— Tem de arriscar mais que na Turquia?
— Quando não tivermos bola, temos de defender, toda a gente atrás da linha da bola, em bloco alto ou baixo, temos de estar juntos e compactos e ser agressivos. E, depois, com bola ter a mesma agressividade, procurar os caminhos do golo. Precisamos todos de ser mais racionais que emotivos e o objetivo é vencer e chegar à Liga dos Campeões.
— Benfica não sofreu golos nos primeiros seis jogos da época. O que mudou em relação à última época?
— Estamos satisfeitos com o que fizemos, mas temos espaço para evoluir. A equipa tem dado boa resposta nesse momento, também tivemos bons momentos em organização coletiva, com golos em que a bola passa por vários jogadores até à finalização. É um processo e temos de fazer a equipa crescer com e sem bola.