«Ruído e poluição» de Varandas, renovação de Diogo, Aves SAD e o peso dos jogadores: tudo o que disse Farioli
Francesco Farioli lançou o jogo do FC Porto com a formação agora comandada por João Henriques, agendado para segunda-feira, às 20h15, naquele que será o derradeiro encontro dos azuis e brancos no ano civil de 2025 para o campeonato.
— Aves SAD está no último lugar e já teve vários treinadores. Ainda assim, não perde há dois jogos. Como olha para o adversário?
— Se olharmos para a tabela, claro que dá para tirar conclusões facilmente, a equipa que vai em primeiro e a que vai em último. Mudaram de treinador recentemente para um que tem muita experiência em Portugal. Analisámos o jogo que fizeram para tentar encontrar padrões e coisas em comum. Vocês sabem como penso. Não há jogos que nos permitam relaxar e o de amanhã é outro exemplo. Teremos de estar atentos, competitivos, até porque vimos de uma semana sem jogos, que é um cenário pouco habitual. O que posso dizer é que nas últimas sessões de treino os jogadores voltaram com vontade e energia e amanhã teremos de ser capazes de transmitir essas sensações para dentro de campo e conseguir um bom resultado.
— O Aves SAD não perdeu nos últimos dois jogos, isso é motivo de preocupação? Com a ausência de Borja Sainz por castigo, William Gomes será titular?
— Nos últimos dois jogos, a tendência foi mais positiva para o AVS. O jogo com o Vitória, o último também... Vivem momentos diferentes. E este é uma razão extra para estarmos mais ligados ao jogo de amanhã. Mas, como já disse, temos muita coisa que nos motive. E essa é a nossa prioridade. Claro que a longo prazo, numa temporada longa, mais do que a motivação é importante estarmos disciplinados, e a nossa equipa já provou a capacidade de ser constante e resiliente nos momentos certos. E é isso que espero para amanhã. Faz parte do ADN do FC Porto, entrar com o espírito certo, com agressividade e mostrar o melhor aos nossos adeptos.
— Tinha dito que depois das folgas natalícias os jogadores iriam à balança. Como está a equipa fisicamente?
— Alguns jogadores chegaram com dois quilos a menos... Acho que andaram de bicicleta na sauna, chegaram numa ótima forma. E as últimas sessões de treino tiveram muita energia, muita energia positiva. Infelizmente isso não vence jogos, mas pode ajudar-nos a estar mais perto disso. Como disse, o meu desejo para amanhã é transferirmos essa energia para dentro de campo. A pausa foi bem merecida para nós. Acho que os jogadores estiveram muito bem nos três dias, passaram tempo com a família, recebemos também boas notícias do Gabri Veiga, que foi pai no dia 25, e tem sido positivo para toda a gente. Recarregar baterias e agora está na altura de voltar a dar tudo no campeonato já no jogo de amanhã, esperamos que com o Dragão cheio para acabar o ano da maneira que os adeptos e a cidade merecem.
— Há uma semana falou da arbitragem e disse mesmo que o clima estava «insustentável». Frederico Varandas respondeu e disse que o míster era um paraquedista que aterrou agora no futebol português... Que comentário lhe merecem essas palavras?
— A metáfora sobre isso... O único paraquedista é o nosso fotógrafo, que está a tentar aprender. Da minha parte, os jogos dão me adrenalina suficiente. Não jogo padel, sou uma pessoa muito aborrecida. Não faço atividades radicais. O resto é ruído, poluição. Apesar de estar há pouco tempo em Portugal, acho que já vi o suficiente em seis meses. E partilho sempre isso com respeito de forma a respeitar o meu clube e as pessoas que estão aqui comigo.
— Frederico Varandas pediu também multas mais pesadas para quem falar de arbitragem. Concorda?
— Mas é só algo retroativo? Precisamos de perguntar.
— Diogo Costa renovou esta semana e disse que uma das razões para o fazer foi o treinador, que comentário lhe merece isso?
— Acho que foi um grande passo para a equipa e para o clube. A renovação dele foi festejada com muita energia de todos os outros jogadores. Claro que não falamos do nível do guarda-redes, mas acho que o crescimento dele em termos de liderança, o carisma, a forma como usa a braçadeira. Na minha opinião, é único. Estou muito orgulhoso por trabalhar com ele e por tê-lo como capitão. Temos uma relação boa, respeitamo-nos um ao outro, gostamos muito um do outro. É ótimo ter um jogador com o seu talento e personalidade. E, claro, a nossa ambição coloca-nos na mesma página, a nossa vontade de definir os padrões certos e comportamentos certos. Daí, o resto vem com o trabalho diário, que é o mais importante. É um processo.
— O FC Porto parece conseguir ser mais consistente contra equipas mais fortes. Amanhã, frente ao último classificado, isto pode causar problemas?
— É a sua opinião. Acho que o futebol moderno traz sempre cenários difíceis, situações difíceis dentro de campo. As equipas estão mais organizadas a cada dia, os treinadores estão a melhorar em todas as ligas, em todos os níveis. O conhecimento dos jogadores também está a crescer. E, taticamente, claro que precisamos de encontrar a chave para desbloquear jogos. E quando estamos a enfrentar uma equipa que defende muito... Mesmo quando dominamos, quando temos posse de bola, isso nem sempre é suficiente. É preciso organização, a capacidade para ganhar duelos. Um bom exemplo foi o jogo frente ao Tondela. Na primeira parte tivemos dificuldades. Não porque jogámos mal, mas não tivemos a capacidade de acelerar o jogo como deveríamos. Fomos fracos na capacidade de desbloquear o jogo individualmente, tivemos uma percentagem muito baixa de dribles bem sucedidos. E nesses jogos, isso é essencial. Acho que se trata mais de equipas que pressionam mais ou que baixam mais, não necessariamente de serem mais fortes ou fracas. Temos de perceber rapidamente o jogo e de encontrar a melhor solução.
— O míster está aqui há pouco tempo e já se envolveu em algumas polémicas relacionadas com a arbitragem. Considera que as vezes que se recorre à arbitragem para justificar algumas coisas é excessiva aqui, comparativamente a outros países com os quais já passou? Se o Benfica é Lewis Hamilton, quem é o FC Porto?
— É uma questão longa... Gosto de ver Fórmula 1, mas há muitas coisas. A minha posição quanto à arbitragem em Portugal acho que já foi clara. E continuo a dizer aquilo que disse há algumas semanas. Não é necessário acrescentar mais nada, basta abrir a conferência no YouTube e encontrarão a minha posição e as minhas ideias para tentar melhorar o futebol português. O outro ruído, os comentários, as metáforas... Isso precisa de estar longe da nossa mente. Temos um jogo importante amanhã, que vem num momento crucial da época para nós. Acho que é aí que temos de estar, a nossa energia tem de estar investida aí. Honestamente, em nada mais. Gostaria de fechar a conferência agora porque ainda temos trabalho a fazer no gabinete e a prioridade é essa. Vamos parar de falar do ruído, da poluição, e gostaria só de falar sobre o jogo.
— Mas sabe que isto não vai terminar até ao final da época, certo?
—Na minha mente tento ser positivo. Acredito que as pessoas responsáveis vão encontrar soluções para acabar com o ruído.
— Acha que a chega de Pablo Rosario — que dá à equipa outras coisas — colocou o Alan Varela, que tem tido uma época irregular, em sentido?
— O Alan é um dos jogadores com mais minutos na equipa. Já sentiu cãibras em campos pesados nos últimos jogos. Deu-nos muito e vai continuar a dar-nos muitas coisas. É um jogador chave para nós. E acho que a combinação, a maneira como fez a questão, pode dar a entender que há uma competição entre eles. Mas a verdade é que se complementam muito bem. Em alguns jogos, podem atuar juntos. E isso dá muito à equipa. A temporada é longa, o jogo de amanhã é importante e tenho de tomar decisões no meio-campo. Mas olhando mais para a frente, acho que ter dois jogadores desta qualidade no meio-campo será importante para nós e vamos tentar geri-los da melhor maneira, tentando fazer com que melhorem.