Rui Borges à grande no Sporting
Foi há quase um ano, vai completá-lo no dia 26 de dezembro, que Rui Borges foi apresentado no Sporting, treinador que passava a carregar nas costas não apenas o legado de Ruben Amorim mas também a responsabilidade de recuperar os leões depois da experiência falhada com João Pereira no comando da equipa. O treinador que os verdes e brancos resgataram ao Vitória de Guimarães herdava já não a equipa no 1.º lugar em que Amorim a deixara mas no 2.º em que Pereira a metera. E o primeiro teste era de fogo: dérbi com o Benfica que acabou por ganhar para reconquistar a liderança para o leão.
Quase um ano depois vem aí novo dérbi, num contexto diferente mas, entre avanços e recuos, com Rui Borges muito mais bem preparado para um jogo de vital importância como este. E o treinador está mais bem preparado apesar da desconfiança, minha por exemplo durante muito tempo, e apesar das provocações, ou melhor, das faltas de respeito que tem sabido ignorar e contrariar com resultados.
Quase um ano depois, também na UEFA Champions League o amadurecimento do treinador tem respaldo. Se na temporada passada o leão pós-Amorim fez apenas um ponto, com duas derrotas na era João Pereira, outra e um empate na gerência de Borges, agora o Sporting está em posição de entrada direta nos oitavos há 5.ª jornada, 10 pontos como os de Amorim no ano passado nas primeiras quatro rondas. Mas sobretudo a imagem de uma equipa madura também na alta roda europeia, capaz de gerir jogos e resultados — e com o Club Brugge a vitória por 3-0 teve o treinador a meter não um mas todos os dedos, qual mestre da tática a desmontar os belgas.
Por isso, quase um ano depois de ter chegado a Alvalade e com novo dérbi à porta, pode dizer-se que Rui Borges é enfim treinador de grande. Sim, pode o dérbi não correr bem; sim, o mais natural será o Sporting não pontuar nas duas próximas jornadas da Liga dos Campeões, afinal seguem-se visitas ao terreno do Bayern e receção ao Paris Saint-Germain. Mas a confiança com que os verdes e brancos entram para esta fase da temporada não tem comparação com fases idênticas da época passada nem mesmo do arranque da atual, apesar de o treinador ter colocado no museu do clube o bicampeonato inédito em 70 anos e a dobradinha que não acontecia há mais de 20.
Rui Borges aprendeu a estar num grande, a ser grande. Mesmo sem o dom da comunicação de outros mas nem de longe nem de perto a merecer as críticas, para não lhes chamar insultos ignorantes, de que já foi alvo. E neste caminho num grande como o Sporting, que teve etapas em que realmente Borges deixou a equipa a jogar como pequena e sofreu dissabores no fim, neste percurso de crescimento do treinador, que a equipa também percebeu e acolheu, Frederico Varandas teve papel importante por ter estado ao lado do seu treinador, sem ondas mas a defendê-lo na altura certa — e da estrutura foi o único que até agora o fez… Nas salas de imprensa, o Rui de Mirandela pode não ser o Ruben de Lisboa ou o Zé de Setúbal, mas passado este ano, dentro de campo, o leão de Alvalade recomenda-se muito mais do que o diabo de Manchester ou a águia da Luz…
Selo de golo
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