Ronaldo sem dúvidas: «Florentino Pérez mudou o futebol»
Conhecido mundialmente como o fenómeno, Ronaldo Nazário foi uma das grandes figuras do primeiro dia do World Sports Summit, no Dubai, onde falou sobre o percurso após o fim da carreira, o futebol moderno e a passagem por clubes como o Real Madrid, Barcelona, Inter, Milan e PSV.
O antigo avançado brasileiro começou por explicar porque optou por se tornar empresário e proprietário de clubes, em vez de seguir carreiras mais comuns no pós-futebol, como treinador ou comentador. «Porque estou um pouco louco», brincou, antes de acrescentar: «O futebol foi sempre a minha grande paixão e continua a ser. É a minha vida.»
Ronaldo recordou que, apenas dois anos depois de pendurar as chuteiras, criou uma agência de representação no Brasil, em São Paulo, que acabou por falir. «Não foi por má gestão, mas porque as margens de lucro eram muito pequenas», disse. Em 2016, decidiu recomeçar ao adquirir a Octagon Brasil, agência com forte implantação nos Estados Unidos, um projeto que hoje considera um sucesso. «Ao fim de 10 anos, funciona muito bem e temos muitos clientes.»
Sobre como chegou à presidência do Valladolid: «Estava à procura de um clube na Europa e tinha várias opções. Vivendo em Madrid, Valladolid tornou-se uma hipótese. Durante o Mundial de 2018 fiz a oferta, o clube estava na segunda divisão e poucos dias depois de assinar subiu. Foi o meu primeiro golpe de sorte nos negócios.»
«O meu mestrado foi jogar futebol pelo mundo»
No mesmo palco, Ronaldo falou com particular carinho da sua passagem pelo Real Madrid e da influência de Florentino Pérez. «Não fui para a universidade, porque aos 17 anos já estava a jogar no PSV. O meu mestrado foi jogar futebol pelo mundo e aprender com presidentes, diretores financeiros e de marketing. No Real Madrid foi especial porque Florentino mudou o futebol em todos os sentidos. É o melhor presidente que conheci», afirmou, destacando o impacto da era dos galácticos.
«O clube devia cerca de 300 milhões de euros. Florentino vendeu a Cidade Desportiva, investiu em grandes jogadores — Figo, Zidane, eu e Beckham — e mudou a forma como as pessoas veem o futebol. A indústria do futebol é o que é hoje muito por causa dele», sublinhou, acrescentando: «É como um pai para mim.»
Num tom bem-humorado, revelou ainda que todos os galácticos tinham salários semelhantes, mas que alguns compensavam de outra forma. «O Beckham e eu tínhamos mais receitas de patrocínios e partilhávamo-las com o clube. Posso dizer que joguei de borla no Real Madrid», disse entre risos.
Ronaldo recordou também um dos momentos mais marcantes da carreira: o hat-trick em Old Trafford, em 2003. «Foi o momento mais especial fora de casa. Ser aplaudido pelos adeptos do Manchester United foi um enorme sinal de respeito. Os adeptos ingleses, tal como os brasileiros, são os melhores do mundo.»
Por fim, respondeu à ideia recorrente de que treinava pouco. «Há um grande mal-entendido. Eu não precisava de correr 10 ou 15 quilómetros. Precisava de 15 ou 20 metros muito rápidos. Punham-me a correr com o Roberto Carlos e o Cafú. Esses treinos foram o pior momento da minha carreira.»
«Hoje treina-se melhor, de forma mais inteligente e específica. Um avançado não precisa de correr 15 km, precisa de explosão. Há jogadores diferentes», concluiu.