Quem disse que jogar com menos um é complicado? (crónica)
O Rio Ave não conseguiu aguentar a vantagem dada por Clayton nos primeiros minutos do jogo e cedeu um empate quando tinha tudo para sair vitorioso, dado que o Nacional ficou reduzido a 10 jogadores com a expulsão de Ulisses, aos 39 minutos. Os madeirenses uniram-se e com organização desmentiram quem afirma que é complicado jogar com menos um.
O Estádio dos Arcos voltou a receber um jogo do Rio Ave cinco meses depois, devido à colocação de um novo relvado e da requalificação da bancada que ficou parcialmente destruída por causa dos estragos causados pela depressão Martinho.
E os primeiros minutos indiciavam um regresso feliz dos vilacondenses a casa, ao colocarem-se em vantagem ainda cedo (13’), pelo suspeito do costume: Clayton. O avançado finalizou uma arrancada de André Luiz na direita, que encontrou espaço para chegar até próximo da baliza e convidar o avançado a finalizar. Logo de seguida (15’) os papéis inverteram-se e André Luiz, assistido por Clayton, viu o remate ser desviado para canto.
O Nacional sacudiu a entrada do Rio Ave por Laabidi (29’), à meia-volta para defesa de Miszta, antes dos vilacondenses voltarem a pegar nos cordelinhos e a ameaçar por Olinho (38’) – grande defesa de Lucas França com a bola a ir ainda aos ferros – e ficarem em vantagem numérica (39’), Ulisses foi expulso por acumulação de amarelos num espaço de três minutos.
Tiago Margarido reorganizou a equipa e não se fez notar a inferioridade numérica. O treinador refez a defesa com a entrada de Léo Santos e colocou velocidade na frente com Pablo Ruan.
Apesar de nos primeiros minutos da etapa complementar o Rio Ave ainda ser perigoso, por André Luiz (47’) e Clayton (53’), o Nacional conseguiu expandir-se e a ter também as suas oportunidades. Pablo Ruan deu o tiro de partida nesse capítulo com um cabeceamento contra as costas de um adversário com a bola a sobrar para o seu pé direito, com a recarga a passar perto da barra. Não marcou, mas assinalou que os madeirenses estavam vivos e prontos para discutir o resultado.
No bola cá, bola lá, Olinho (56’) teve mais uma atração pelos ferros, agora num canto direto, Paulinho Bóia (57’) tirou Miszta da baliza para dar de bandeja a Laabidi, com Panzo a evitar o remate e Léo Santos (65’) também fez tremer os ferros da baliza vilacondense, de cabeça, na sequência de livre.
O melhor dos madeirenses estava guardado para o fim, quando Chucho Ramírez (83’) colocou com precisão a bola junto à base do poste da baliza de Miszta, dando números justos ao marcador. Um empate que permeia a persistência do Nacional, que jogou melhor com dez do que com onze.
Notas dos jogadores do Rio Ave (3x4x3): Miszta (6), Ntoi (5), Panzo (6), Nelson Abbey (5); Vrousai (6), Bakoulas (5), Aguilera (5), Nikos (5), André Luiz (6), Clayton (6), Olinho (6), Papakanellos (5), João Novais (5), Marc Gual (-), Petrasso (-) e Liavas (-)
Notas dos jogadores do Nacional (4x3x3): Lucas França (7), João Aurélio (6), Ulisses (4), Zé Vítor (5), José Gomes (5), Labidi (6), Matheus Dias (5), Liziero (6), Paulinho Bóia (6), Chucho Ramírez (6), Witi (5), Léo Santos (5), Pablo Ruan (6), Joel Silva (-), Filipe Soares (-) e Martim Gustavo (-)
O que disse Sotirios Sylaidopoulos, treinador do Rio Ave
«Controlámos melhor o jogo com 11 jogadores do que com 10, deixámos eles crescerem e no final ficamos com um sabor amargo na boca. Na 1.ª parte estivemos melhores e na 2.ª encontrámos dificuldades em encontrar ligações. Queríamos começar bem na nossa casa, com os nossos adeptos, mas isto demonstra que temos trabalho a fazer para melhorar. Temos de ser melhores e temos de matar o jogo quando temos oportunidades. Tivemos boas fases, com posse de bola, mas enfrentámos um oponente forte, como todas as equipas em Portugal. Estamos a tentar encontrar a ligação entre os jogadores e no 11 inicial apenas estava um reforço, foi importante para mim ter jogadores que conheçam a Liga.»
O que disse Tiago Margarido, treinador do Nacional
«É um empate que sabe a vitória, devido aos constrangimentos do jogo. Entrámos muito bem, estávamos dominadores e a conseguir chegar ligada à baliza do Rio Ave. Um pouco contra a corrente, através de uma jogada de qualidade individual, chegaram à vantagem. Depois disso a equipa demorou um pouco a reencontrar-se, a expulsão ainda mais agudizou essa situação. Na 2.ª parte entrámos com uma estratégia diferente, os jogadores foram inexcedíveis na entreajuda, na compensação do espaço pela falta de um jogador e penso que foi justo o empate, porque tivemos uma bola na trave, um lance do Pablo isolado que não conseguiu fazer golo.»